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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Dunga é o maior erro da história da CBF

O treinador permenece o mesmo de sempre. Vai fechar o time, usar os jogadores que confia, e nem sempre os melhores, e preparar equipes para suas batalhas, longe, portanto, da escola brasileira. A CBF vai ter de responder por isso um dia. Todos já conhecem Dunga

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Atualização:

A escolha de Dunga para comandar o time nacional após o vexame na Copa do Mundo é no mínimo equivocada por parte da CBF. Dunga disse ter pensado na vida e em seu trabalho, talvez até em si mesmo, nesses quatro anos que separaram o Mundial que perdeu na África do Sul desde que o Brasil deixou de ganhar em casa. Teve um trabalho apenas mediano no Internacional e mais nada. Viveu esquecido consigo mesmo, sem o respeito de muita gente pelo que fez como treinador. Dunga, ao ver sua entrevista ao lado de Gilmar Rinaldi e José Maria Marin, me pareceu o mesmo sujeito de sempre, de poucas ideias e todas elas fixas, de argumentos que só dizem respeito a si mesmo, preso na amargura que carrega do passado, e que nunca foi capaz de resolver, o oposto de quem precisa liderar o maior bem de um país.

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Falta a Dunga a alegria dos jogadores da Alemanha demonstrada no Brasil. Isso sem falar do carisma que um treinador precisa ter diante de seu povo, e dos seus adversários. Ou alguém já esqueceu da figura ensandecida de Dunga no banco de reservas naquele partida em Port Elizabeth, quando o Brasil perdeu para a Holanda e caiu fora da Copa de 2010? Era o desequilíbrio em pessoa. Em seu discurso, Dunga citou a paciência e inteligência de Nelson Mandela para voltar ao cargo. Faltam-lhe as duas coisas. O novo treinador do Brasil é péssimo no relacionamento com pessoas. Só por isso, sua escolha já pode ser apontada como o maior fracasso da história da CBF.

Em campo, na parte tática e técnica, já vimos sua competência, tanto no time nacional quanto no Inter. E nada nos foi mostrado, o que de certa forma o equipara com muitos outros. Dunga é do tipo de treinador que se prepara para uma guerra. Vê o jogo como se fosse uma batalha. Cria casos. Chama seus jogadores de guerreiros, longe, portanto, da escola brasileira de futebol. Pelé, Garrincha, Caju, Zico, Sócrates, Ronaldo, Romário e tantos outros, decididamente, nunca foram guerreiros da bola.

A nova era Dunga trará tempos ainda mais escuros e sombrios para o Brasil, formando equipes distantes do povo brasileiro, arredias com a imprensa, que informa o povo brasileiro, e de trato grosseiro com a bola, o pior de tudo. É impossível que todas as enquetes que condenam Dunga estejam equivocadas. Impossível. A escolha da CBF, de dirigentes experientes e raposas velhas da política, parece mais um passo de juvenis. Um passo,digo, para mais perto do abismo.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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