Os 37 anos nas costas dão a Grafite a iluminação que ele precisa para abrir caminho na escuridão do futebol brasileiro. Na quase idade das trevas do nosso esporte mais popular é possível encontrar uma luz no fim do túnel no que diz respeito à carência de craques e até de bons jogadores. O equilíbrio do Nacional é nivelado por baixo, de modo a registrar um perde-e-ganha sem fim, em que os mais regulares vão sobreviver. Os outros, como na Idade da Pedra, estão fadados ao desaparecimento, no caso, ao rebaixamento. O Corinthians ganhou da Ponte Preta, que ganhou do Palmeiras, que ganhou do Fluminense, que pode ganhar do Corinthians na sequência... O empobrecimento é generalizado.
Nessa cegueira absoluta dentro das quatro linhas, com poucas partidas bem disputadas, Grafite dribla a idade avançada e se torna o artilheiro da competição com saudáveis seis gol sem três partidas. Marca surpreendente, sobretudo, quando se joga num Santa Cruz, de grande importância para o futebol regional, mas ainda sem caixa para se meter entre os gigantes de nível nacional. Pois até agora, Grafite reescreve essa história com seus gol e apresentações. É bem verdade que não participa da mesma forma de todo o jogo, mas quando tem chance, não decepciona. Tem feito gol importantes e bonitos e ajuda o Santinha a se manter na frente de rivais com mais saúde no futebol brasileiro.
Grafite escolheu o Santa Cruz porque tem um pé em Pernambuco, é muito carinho pelo clube. Na sua cabeça, não podia parar sem antes erguer taças pelo time, já que não conseguiu a façanha em outras passagens. Neste ano, já festejou o Estadual e a Liga do Nordeste. Mas ainda tem gás para continuar. Nesta aridez que é o futebol brasileiro, desprovido de talentos por causa das safras ruins ou dos dólares que chegam de fora para tirar o sono dos dirigentes, Grafite sobrevive e dá ao torcedor a esperança de dias melhores.