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Opinião|O futebol argentino (e mundial) não pode ficar sem Lionel Messi

A Argentina chora por Messi assim como ele chorou pela Argentina na Copa América

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O pênalti desperdiçado nos Estados Unidos diante de 80 mil fãs e mais uma decisão perdida, a quarta com o time nacional, fez Lionel Messi chorar. Mais do que isso, o craque disse que não vai mais vestir a camisa da seleção argentina. Foram quatro derrotas em final de campeonatos, a última neste domingo contra o Chile, pela Copa América Centenária. Em 2014, Messi também falhou dentro do lendário Maracanã diante da Alemanha na Copa do Mundo. Messi é único, mas nunca teve refresco em seu país. Antes desta final, a pressão veio de ninguém menos do que Diego Armando Maradona, que dizia que os jogadores nem precisam voltar para a Argentina caso perdesse mais essa, como aconteceu.

 Foto: Estadão

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Maradona apenas colocou em palavras o sentimento do argentino que ama o futebol de sua seleção. Desde 1993, na Copa América, a Argentina não vence um torneio. São 16 fracassos em disputas oficiais. A decisão de Messi passa por isso, mas não somente por isso. Messi sempre foi cobrado para mostrar na Argentina o que vivia no Barcelona. E nunca conseguiu. O meia, com sua decisão, também abre precedimento que pode replicar no futebol mundial, no Brasil mesmo. Muitos jogadores não têm alegria em atuar por suas seleções. Há uma série de razões por isso, e uma delas é a falta de treinamento e tempo para entrosar que esses jogadores sofrem quando estão juntos. De modo a sempre ter times sem competência de grupo e apostando nas jogadas individuais de seus principais talentos, como Messi. Neymar vive a mesma situação. Messi é a seleção argentina há anos. É dele que se cobra nas derrotas e nos fracassos. De ninguém mais.

Ele tem ao seu lado uma legião de jogadores que não o ajudam, a começar por dois bons atacantes em seus respectivos clubes, que são Higuaín e Di María. O primeiro vive desperdiçando gols, como domingo diante do Chile e outros mais, inclusive na Copa, e sobrecarregando as acusações sobre Messi. Da mesma forma, Di María está sempre às turras com suas contusões nos momentos em que a Argentina mais precisa dele. É claro que tanto um quanto o outro não fazem isso de propósito, mas seus erros e contusões recaem sobre as costas de Lionel Messi.

Aos 29 anos, Messi ainda estará em forma na Copa do Mundo da Rússia, daqui a dois anos. Abandonar a seleção agora é prematuro, para ele para o torcedor. Sua decisão foi tomada no calor do fracasso e dos pensamentos imperfeitos que tomaram conta de sua cabeça e fisionomia após o jogo. Seu choro foi verdadeiro, puro sentimento. Os próprios argentinos estão pedindo para ele repensar a decisão, não parar, continuar tentando um título com a Argentina. Chega a ser irônico o dissabor do meia na seleção quando vive em glórias no Barcelona e já foi escolhido cinco vezes o melhor de todos pela Fifa. O fato é que Messi é incompleto sem festejar um título oficial, e não olímpico (ele é ouro nos Jogos de Pequim), com o time nacional. A Argentina também chora por Messi.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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