Um amigo, Roberto, esteve no Canindé sábado para ver o jogo da Portuguesa com o Bragantino, com vitória do time visitante por 3 a 1. Havia poucas pessoas no estádio. Ele estava sem fazer nada em casa, já sabia da surra do Palmeiras diante do Fluminense quando resolveu matar o tempo na arquibancada do Osvaldo Teixeira Duarte. Foi testemunha dos torcedores da Lusa chamando os jogadores do Bragantino de Aranha, numa clara e provocativa alusão às injúrias racistas sofridas pelo goleiro do Santos na partida contra o Grêmio, pela Copa do Brasil.
Aranha virou sinônimo de macaco.
Essa é a leitura que faço desse episódio a mim contado domingo de manhã e reproduzido agora. Era tudo o que não podia acontecer nesse episódio do futebol brasileiro. O torcedor burla atos de injúria racial para ofender jogadores negros. Não grita mais 'macaco', mas grita Aranha. Esse caso deveria ser investigado pelas autoridades competentes. Os gremistas envolvidos nos xingamentos a Aranha respondem por suas ações na Justiça. O caso não está encerrado. A torcedora Patrícia Moreira, de 23 anos, sofre perseguição após ter seu rosto identificado por câmeras de tevê. Fugiu de casa para não apanhar. O Grêmio foi excluído da Copa do Brasil em primeira instância. O Brasil acompanhou a tudo isso com muita revolta e indignação.
É imperdoável, portanto, que torcedores de futebol transformem o goleiro do Santos em tudo o que ele está lutando contra, que podemos definir aqui em uma palavra: discriminação. Aranha é vítima e não pode ser nada diferente disso.