Evento marcado para esta segunda-feira, 16, não acontecerá nas ruas próximas ao estádio
Alexandre Senechal - especial para O Estado de S. Paulo
CURITIBA - Um grupo de ativistas resolveu organizar o movimento "Não vai ter Copa-PR" para unificar as manifestações no Estado contra a realização no Mundial do Brasil em um só meio. Os líderes, que não quiseram se identificar, preparam uma mobilização para a estreia da Arena da Baixada na competição, na segunda-feira, 16, no jogo entre Irã e Nigéria, às 16h.
A manifestação, porém, não está marcada para acontecer no entorno do estádio, mas sim na Boca Maldita, nome popular da Avenida Luiz Xavier, também conhecida como Rua das Flores e localizada a três quilômetros e meio de distância do local da partida. A Boca Maldita é famosa como ponto de encontro para os curitibanos e por receber eventos como o marcado pelo movimento "Não vai ter Copa-PR".
Com cerca de duas mil curtidas na página do Facebook e mais de 60 mil pessoas convidadas para a manifestação, os responsáveis pregam a cautela sobre o número de presentes no próximo protesto. "Os atos são bem imprevisíveis nesse aspecto. Por isso não levamos muito em consideração o número de confirmações em eventos no Facebook. Mas, independente do número de pessoas presentes, do clima e outras variáveis, o ato irá acontecer", garantiram os organizadores através da página.
No dia do jogo do Brasil, um manifesto contra a Copa aconteceu no centro de Curitiba, mas reuniu apenas cerca de 100 pessoas. Apesar do baixo número e da pouca divulgação na mídia, mais atos devem acontecer durante os outros três jogos que acontecerão na Arena da Baixada. "Costumamos dizer que os atos se constroem por quem está nas ruas. Temos sim a intenção de realizar outros atos nos três dias restantes de jogos na cidade, mas não podemos decidir isso sem levar em consideração a opinião dos que estiverem presentes no dia 16", reiteraram os líderes do "Não vai ter Copa-PR".
Mortos nas obras. Um dos pontos mais defendidos pelo Não vai ter Copa - PR é a violação de direitos fundamentais do ser humano através da realização do Mundial. A forma como a página demonstra isso é trazendo fotos dos operários mortos nas obras nos estádios no formato de figurinhas de um fictício álbum da competição.
"A Copa do Mundo Fifa representa um modelo econômico que coloca o lucro acima de qualquer coisa, inclusive de vidas; e nada mais ilustrativo do que lembrar as vidas perdidas durante a construção ou reforma de estádios-sede dos jogos", defendem os líderes do movimento. "Nossa intenção ao compartilhar fotos das vítimas da Copa do Capital é ressaltar que eles não são apenas um número entre tantos outros que envolvem o Mundial."