Olhando rápido na Ferrari SF70H quase não dá para perceber que ela está ali; no W08 da Mercedes, o acabamento na cor preta também não ajuda muito, como se nota na foto de abertura... Tecnicamente definido como apêndice aerodinâmico e já conhecido como "T Wing" (Asa T, em inglês, referência clara à sua forma) o aparato pequeno e sutil instalado no capô do motor tem uma função igualmente discreta: laminar o fluxo de ar que corre em direção à asa traseira. Não é nada inédito: o conceito já foi explorado por algumas equipes, mas nunca provou resultados significativos, basta dizer que sequer virou moda...
O princípio de funcionamento da "Asa T" é basicamente eliminar a turbulência gerada pelos elementos montados em torno do santantônio: câmeras de TV, entradas de ar, dutos de refrigeração, etc. Ao permitir que o ar chegue mais ordenado - ou laminado, como se diz no jargão aerodinâmico -, a pressão exercida sobre a asa traseira é maior e, consequentemente, gera maior carga aerodinâmica. Isso ajuda a entender a aparência frágil do suporte da asa; no Mercedes W08 ela é fixada em um pilar montado sobre a base do capô do motor. O aerofólio traseiro, cujos elementos podem gerar carga superior a 2.000 kg, requerem uma estrutura muito mais resistente e rígida.
Ao contrário da Mercedes, que pelo menos por enquanto não aderiu à barbatana de tubarão, a Ferrari optou por unir dois conceitos e instalou a Asa T junto à extremidade posterior superior dessa lâmina longitudinal, recurso até agora aplicado singularmente nos Force India VJM10, McLaren MCL32, Renault RS17 e Sauber C36. A proposta dos italianos é ainda mais sutil que a dos alemães: ao ser instalada junto à barbatana ("shark fin") ela tem função complementar. A McLaren, aparentemente, foi quem usou esse recurso ao extremo.