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Conversa de pista

Opinião|Sauber em mar revolto

Kaltenborn se desliga da equipe suíça após 17 anos. Causa é relacionamento com investidor. Equipe disputa o GP do Azerbaijão.

Atualização:

Monisha Kaltenborn se desligou completamente de suas funções de principal executiva da equipe Sauber de F-1, ontem, em consequência de desentendimentos com Pascal Picci, presidente do conselho de administração e representante da Longbow Finance, empresa de investimentos que assumiu o controle acionário da equipe em julho do ano passado. Em dois comunicados assinados por Picci, emitidos no final da noite desta quarta-feira (hora local suíça), foram anunciados o desligamento de Katenborn com efeito imediato e um desmentido de eventual preferência de um piloto em detrimento de outro, "algo que seria contrário ao compromisso tradicional da equipe por uma competição justa" conforme o texto divulgado.

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A equipe suíça disputa o GP do Azerbaijão neste fim de semana e até as 23:30 de ontem, hora local de Baku, ainda não havia sido comunicada oficialmente das decisões. Entre os nomes que podem assumir o cargo despontam Colin Kolles e Jost Capito.

Monisha Kalterborn começou a trabalhar no departamento jurídico da Sauber no ano 2000 e assumiu a direção da equipe quando o fundador Peter Sauber aposentou-se em 2012. O time baseado em Hinwill tem uma história marcada pela inconstância de resultados na F-1 e o currículo da executiva inclui um episódio bastante negativo ocorrido em março de 2015. Na temporada de 2014 o piloto holandês Giedo van der Garde levou patrocinadores ao time e com isso teria garantido a posição de titular no ano seguinte; a Sauber, no entanto, inscreveu o sueco Markus Ericksson e o brasileiro Felipe Nasr como pilotos oficiais. Van der Garde processou a equipe e ganhou a causa, mas não o lugar, e Kaltenborn um capítulo desastroso em sua folha corrida.

O comunicado que confirmou o desligamento de Kaltenborn (Motores Clássicos) Foto: Estadão

No ano passado a Sauber viu-se mais uma vez em dificuldades financeiras e em julho a empresa de investimentos Longbow Finance, ligada ao banco suíço Julius Bär, adquiriu o controle acionário da organização, na qual Monisha tinha 1/3 das ações. Entre as empresas ligadas à Longbow Finance está a Tetrapak sueca, um dos principais patrocinadores de Marcus Ericsson. A executiva foi mantida no cargo porém poucas coisas mudaram desde então. No início deste ano alguns técnicos de alto nível que perderam emprego quando a Audi encerrou seu programa no Campeonato Mundial de Endurance (WEC) foram contratados mas os resultados não apareceram com a rapidez esperada e necessária. No final de abril, após uma longa associação como cliente da Ferrari, a Sauber anunciou um contrato para usar o motor Honda a partir de 2018, acordo que garante uma vaga a um piloto japonês e motores a preços reduzidos.

O romeno Calin Colesnic, um dos nomes mencionados para substituir Monisha Kaltenborn, traz consigo um passado controverso no automobilismo. Nascido em Timisoara, diplomado como dentista, naturalizado alemão e conhecido no esporte a motor como Colin Kolles, ele já passou por várias equipes na F-1. De todas apenas a Jordan e a Force India tiveram algum sucesso, mas a maioria não vingou, caso da Caterham, HRT, Spyker e Midland. Contra ele há histórias de ter se apropriado do projeto do Lotus T128 da categoria Endurance, base do Enso CLM P1/01-Nismo, que competiu este ano em Le Mans. O outro nome citado tem um passado mais discreto e vitorioso: Joest Capito, alemão de Neuenkirchen, já passou pela BMW, Porsche, Ford VW, McLaren - onde foi provavelmente o último contratado por Ron Dennis - e até mesmo a Sauber, onde atuou por algum tempo a partir de 1996, antes de se transferir para o programa de rally da Ford. Sua carreira mais bem sucedida e a breve experiência na McLaren-Honda pode ser um fator decisivo nessa escolha.

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Opinião por Wagner Gonzalez
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