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(Viramundo) Esportes daqui e dali

A intrusa

A Macaca fez campanha notável na etapa de classificação, surge como franco-atiradora e não tem nada a perder

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Por Antero Greco
Atualização:

O título da crônica está mais para novela mexicana, dramalhão daqueles de arrancar lágrimas, de emoção ou de raiva e arrastar-se em centenas de capítulos. Verdade; quem sabe pudesse ser algo ligeiro e “esportivo”? Debite a eventual falta de originalidade na escassa imaginação do autor.

Mas não há como negar que a Ponte Preta seja time que corre por fora, na arrancada para o título estadual. Por elencos, folha de pagamentos, torcida, tradição, vem atrás de Palmeiras, Corinthians e São Paulo, os outros três que estarão em campo hoje para a disputa das semifinais. Na bola, nem tanto. Ao contrário, a Macaca fez campanha notável na etapa de classificação, com mesmo número de pontos do São Paulo e pouco atrás de Santos e Corinthians. A distância maior esteve para a turma verde, adversária de agora. Nem por isso, passou vexame contra rival poderoso: em dois confrontos no ano, empatou amistoso no Allianz (1 a 1) e ganhou no Paulistão, em Campinas (1 a 0). No Brasileiro do ano passado, arrancou pontos do campeão, com 2 a 1 em casa e empate por 2 a 2 no estádio palestrino. A Ponte surge como franco-atiradora, a equipe que não tem nada a perder. Se cair fora, entra para a conta de inúmeras tentativas feitas em mais de um século para levantar troféu inédito. Se seguir em frente, transfere pressão e críticas a concorrente milionário. Raciocínio idêntico, se chegar à final, seja contra tricolores ou alvinegros.  A carga psicológica é mais suave, e talvez tenha certa influência, a depender do andamento das partidas. No entanto, e de volta ao campo, a Ponte está em condições de provocar surpresa pela maneira de atuar. Gilson Kleina reuniu grupo de gente rodada e jovens promessas, e daí tirou formação equilibrada, eficiente, destemida. Aranha, Nino Paraíba, Cajá, Wendel, Pottker, Lucca e outros mantiveram-se à sombra de colegas badalados do trio de ferro. E, sem rumor, encorparam a Ponte. Muito além do clichê, vale ficar de olho nessa rapaziada, que projeta perspectiva de emoção também no Brasileiro. Eduardo Baptista tem a ver com o clube campineiro, passarela para a aventura no Palmeiras, e já sentiu o enrosco de enfrentar os ex-comandados. Por isso, desde a vitória sobre o Peñarol rasga elogios para o lado de lá, com a ressalva de que sente sua trupe pronta para ultrapassar novo desafio. Sinal de que leva o confronto a sério vem na provável escalação, basicamente aquela que iniciou o clássico sul-americano no meio da semana. E faz bem, se optar por força máxima; o calendário, em seguida, prevê para o Palmeiras dias de folga, e volta a apresentar-se no próximo sábado, de novo diante dos ponte-pretanos. Tempo suficiente para os titulares repousarem. Nesse aspecto, se complica a vida de Corinthians e São Paulo, que se enfrentam neste domingo e, antes do tira-teima de volta, decidem destino na Copa do Brasil. Suplício adicional para Fábio Carille e Rogério Ceni, na busca de dosagem certa de desgaste para elencos nem tão numerosos tampouco da qualidade daquele do Palmeiras. Não é à toa que ambos fazem mistério e quebram cabeça.  A questão é estratégica. O São Paulo ficou por um fio no torneio nacional, com os 2 a 0 para o Cruzeiro, no Morumbi. Não é impossível, mas despencou tonelada de dificuldade para tirar a diferença em BH. Por isso, a tendência a escalar o que houver de melhor à disposição, de preferência com Cueva na criação, esperança de ataque de novo agressivo. O Corinthians ficou no meio-termo na Copa do Brasil. O empate com o Inter, em Porto Alegre, ampliou a perspectiva de classificação em casa, e Carille se deu bem ao não levar Jô e Jadson para o Sul. A dupla descansou para esta noite e, dentro da limitação do elenco, será escalada com a necessidade de assumir o protagonismo.