Aidar entrega carta de renúncia e oficializa saída do São Paulo

'Agora o presidente é Carlos Augusto Barros e Silva', disse Aidar

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Por Ciro Campos
Atualização:

Atualizado às 17h39

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Carlos Miguel Aidar deixou de ser presidente do São Paulo de forma oficial nesta terça-feira. O ex-dirigente passou parte do dia no estádio do Morumbi, onde almoçou com antigos aliados. Na tarde desta terça-feira, ele se encontrou com Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do Conselho Deliberativo, em um prédio na Avenida Paulista, e entregou a carta de renúncia do cargo que ocupava desde abril de 2014. "Falem com o novo presidente, o Carlos Augusto de Barros e Silva", limitou-se a dizer o ex-presidente na saída do edifício. 

A informação foi confirmada pelo clube que convocou uma entrevista coletiva do novo presidente para quinta-feira pela manhã, no Morumbi. A partir de agora, o Leco, presidente do Conselho Deliberativo, assume o comando e terá 30 dias para convocar novas eleições. O pleito deve ter mais de um candidato, pois antigos membros da diretoria de Aidar e um grupo liderado por ex-presidentes do São Paulo articulam o lançamento de concorrentes. A disputa é válida por um mandato tampão, que terminará em abril de 2017. Para essa data a eleição regular está marcada e o vencedor será empossado para três anos de gestão. 

Aidar optou pela renúncia depois de ouvir pedidos de sócios no seu escritório de advocacia e também a sugestão das filhas em encontro na noite de sexta-feira. Exposto pelas denúncias e isolado no poder, o presidente passou a ter poucas opções de aliados para recompor a diretoria destituída na última semana.

Carlos Miguel Aidar havia garantido que renunciaria nesta terça-feira Foto: Alex Silva/Estadão

O comando São Paulo ruiu depois de brigas internas e denúncias de corrupção. O ex-vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, brigou com Aidar e prometeu divulgar provas em documentos e até em um áudio gravado. Nos materiais, Ataíde afirma que o presidente admite desvio de dinheiro em transferências, fala em participação financeira na transferência de Gustavo Cascardo, da Ponte Preta, e cita a tentativa de comissionar a empresa da namorada pela assinatura do contrato com a Under Armour.

 

O Conselho Deliberativo chegou a planejar uma reunião somente para ouvir a gravação e conferir as provas contra o Aidar. Mas com a renúncia, o encontro foi desmarcado. O dossiê contra Aidar somente poderá ser analisado caso os membros do órgão queiram retomar a apuração. 

 

O episódio mais marcante do fim da gestão de Aidar foi a briga com Ataíde Gil Guerreiro. Os dois se desentenderam e discutiram de forma áspera na semana passada durante reunião da diretoria em um hotel da capital paulista. Ataíde confirmou a existência de um "entrevero", mas não confirmou que tivesse agredido o ex-aliado.

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Aidar ficou acuado no poder depois de exonerar Ataíde. Em solidariedade, alguns diretores começaram a deixar os cargos e em resposta ao ato, o então presidente solicitou o pedido de demissão coletiva de toda a diretoria. A medida levou a grupos que o apoiavam a mudarem de lado e endossarem a oposição no São Paulo.

Confira a trajetória de Aidar como presidente do São Paulo: 

16 de abril de 2014 - A eleição

Carlos Miguel Aidar é eleito presidente do São Paulo na sucessão de Juvenal Juvêncio, de quem teve amplo apoio para assumir o comando do clube.

Abril de 2014 - Briga com Paulo Nobre

Em seus primeiros dias como presidente, Aidar tirou Alan Kardec do Palmeiras e, após ser chamado pelo presidente do rival, Paulo Nobre, de antiético, disse que a atitude do dirigente era patética e que o Alviverde estava se apequenando. 

Agosto de 2014 - Contratação da filha

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Mariana Aidar, filha do dirigente, foi contratada como assessora da presidência e deixou o cargo após suspeitas de que participava de negociações de atletas.

Setembro de 2014 - Demissão de Juvenal

Juvenal Juvêncio foi demitido do cargo de diretor da base e saiu acusando o dirigente de traição. 

Dezembro de 2014 - Bônus para namorada

Aidar pagava 20% de comissão para a empresa de Cinira Maturana, sua namorada, para cada contrato que ela acertasse para o clube. O pagamento só parou após ser descoberto. 

Maio de 2015 - Paraíso fiscal

Contrato com a Under Armour previa o pagamento de R$ 18 milhões para uma empresa de Hong Kong, em um paraíso fiscal, em que o dono era um empresário chamado Jack. Após esperar por explicações e pela apresentação do empresário, o Conselho Deliberativo resolveu vetar o pagamento.

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Outubro de 2015 - Caso Maidana

São Paulo contratou o zagueiro Iago Maidana de um clube goiano, dias depois de ele deixar o Criciúma. A CBF suspeita que a negociação teve a participação de empresários, algo que não é mais permitido. O clube pode ser punido até com a proibição de contratar jogadores na próxima temporada.

Renúncia

Pressionado por familiares e dirigentes do seu grupo político e sob a mira dos conselheiros de oposição, Aidar entrega sua carta de renúncia a Carlos Augusto de Barros e Silva e deixa a presidência do São Paulo nesta terça-feira, dia 13 de outubro. 

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