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Alemão enfrenta aventura para ver sua seleção no Recife

Depois de embarcar em um ônibus clandestino, comerciante de 58 anos chegou a Pernambuco de carona com caminhão

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Por Redação
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Um chapéu nas cores preta, vermelha e amarela, um cachecol com a inscrição Deutschland (Alemanha, em alemão), uma bandeira do país e um cantil que também lembrava a bandeira de sua terra natal pendurado em um cordão. Nas costas, uma mochila preta. Esse é o uniforme de torcedor de Heinz Kirchhoff, de 58 anos, que deixou a cidade de Kaiserslautern para ir ao Recife assistir ao jogo de sua seleção contra os Estados Unidos. Mas não faltaram emoção e contratempos no caminho desse comerciante germânico. 

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O jogo entre Alemanha e EUA será só no dia 26. Então, Kirchhoff terá tempo para se recuperar da epopeia que enfrentou para chegar à capital pernambucana. Ele tentou comprar ingressos para todos os jogos de sua seleção, mas só conseguiu para Salvador, onde os germânicos golearam Portugal por 4 a 0, na segunda-feira. Como não estava disposto (e também não tinha como) a gastar muito e viu que a passagem para a Bahia era muito cara, resolveu colocar um anúncio na internet e achou interessados em fazer uma troca.

"Nem acreditei quando outro alemão entrou em contato, falando que tinha um ingresso para o Recife e aceitava trocar comigo", conta o torcedor. Mas a viagem ainda estava cara. "Então, vi que, das cidades mais próximas, seria mais barato ir para João Pessoa. Fui até lá de avião e resolvi pegar um ônibus para o Recife", contou. Só que as coisas não saíram como esperado. 

Heinz Kirchhoff passou dificuldades para chegar em Recife Foto: Daniel Batista Cardoso/Estadão

Kirchhoff fala muito pouco português e, ao chegar à Paraíba, caiu na lábia de um desconhecido que lhe ofereceu um ônibus bem mais barato que o habitual. "Não me lembro o preço, mas dava uma diferença de quase 50% em relação ao outro ônibus. Achei que seria um grande negócio. Depois, descobri que era transporte clandestino", contou, rindo da situação. Na hora, porém, não teve motivos para achar graça.

Além de pegar um ônibus irregular, ele estava indo na direção oposta. "Não sei se ele não me entendeu ou se me enganou. Só sei que estava indo para Teresina. Nem sei onde fica essa cidade, só me falaram que era para o lado oposto", contou, constrangido pela confusão. No meio do caminho, desceu na estrada e resolveu tentar pegar uma carona. "Eu não iria desistir. Tinha ingresso na mão e nunca vi minha seleção em campo. Tinha de ver esse jogo."

Depois de tanta confusão, teve um pouco de sorte. Ele fez sinal para dois carros, que se negaram a parar, até que um caminhão encostou. Um dos passageiros falava um pouco de inglês e conseguiu ajudá-lo – o veículo estava indo justamente para Recife. Antes de chegar ao destino final, só mais um "probleminha". "O caminhão levava peixe. Acho que estou cheirando até agora", brincou. 

No fim, tudo deu certo e Kirchhoff já fez uma promessa: "Se a Alemanha for campeã mundial este ano, só farei viagem tentando economizar ao máximo. Se ganharmos, é porque tudo isso deu sorte. Agora, caso não fiquemos com o título, aí voltarei a viajar como todo mundo faz", disse. 

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