É claro que a empolgação nem sempre funciona, e a França já perdeu muito jogo mesmo energizada pelo seu hino. Mas foram tantas as vezes em que, inspirado pela Marselhesa, o time da França já estava ganhando o jogo mesmo antes do apito inicial, que a Fifa deveria ter dado um ultimato aos franceses: ou outro hino, menos eletrizante, ou o silêncio.
É verdade que, com a novidade de cantarem a segunda parte do Ouviram do Ipiranga à capela depois de a banda tocar a primeira parte e parar, a torcida brasileira inventou uma espécie de alonsanfã nacional, quase tão empolgante quanto o francês. Até deu efeito contrário: depois de cantarem a segunda parte do hino só com a torcida antes do jogo com a Croácia, alguns jogadores brasileiros tiveram uns 15 minutos de crise emocional, durante os quais foi difícil enxergar a bola ou, como no caso do Marcelo, saber para que lado estávamos chutando. De qualquer maneira, temos a nossa Marselhesa.
Curiosidade. Não é uma regra fixa, mas acontece muito: quanto menor o país, mais feroz o seu hino. Hinos de antigas colônias costumam ser marciais e sanguinários, em contraste com hinos como, por exemplo, o da Inglaterra, velha e criminosa potência colonialista, que é apenas um plangente pedido para que Deus cuide de sua graciosa rainha. Há hinos pastorais e hinos furiosos e você geralmente pode adivinhar o tamanho e a história do país pelo andamento do seu hino. Os antigos subjugadores fazem hinos curtos e tranquilos, os antigos subjugados fazem hinos longos e ressentidos.
Dei uma olhada no Google para saber como é o hino de Honduras. É enorme.