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Ameaçada, Argentina vai à guerra contra o Peru na Bombonera

Obrigação de vencer para manter as chances de ir à Copa leva argentinos a armar clima pesado em estádio do Boca

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Por Redação
Atualização:

Uma guerra. É assim que a Argentina encara a partida desta quinta-feira contra o Peru. A ameaça de não ir à Copa da Rússia levou os argentinos a colocar o fair-play em segundo plano. Da escolha do local da partida, o caldeirão da Bombonera, à pressão declarada sobre os rivais, tudo está sendo preparado para que a seleção de Lionel Messi faça o que tem de fazer: vencer. Do contrário, o risco de um vexame histórico permanecerá vivo.

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+ TABELA - Classificação das Eliminatórias Sul-Americanas

Em quinto lugar com 24 pontos (fica atrás do Peru no número de vitórias, 6 a 7), a Argentina tem de vencer para chegar ao último jogo – contra o Equador, em Quito, na terça-feira –, brigando pela vaga. Um empate não significará eliminação, mas a possibilidade não chegar nem à repescagem aumentará bastante. Derrota será tragédia.

  Foto: Victor R. Caivano | AP

Para evitar que Messi assista ao Mundial pela TV, a alternativa única da Argentina na partida desta noite (20h30) é a vitória. E, para consegui-la, parece valer tudo.

O esquema de guerra começou pela troca do Monumental de Nuñez pela Bombonera, com a indisfarçável intenção de aumentar a pressão sobre o adversário. O Peru resistiu, lembrou à Conmebol o caso em que os jogadores do River Plate foram alvo de spray pimenta atirado pela torcida do Boca Juniors numa partida pela Libertadores em 2015. Mas a influência argentina na entidade sul-americana falou mais alto.

Pela “lembrança” os peruanos foram ameaçados pela “La Doce” a barra brava do Boca, que prometeu “pressão extra” – sem detalhar – sobre os rivais, pelo “desaforo”. E, segundo o jornal Tiempo Argentino, a “La Doce” ganhou 4 mil ingressos doados pela AFA (Associação de Futebol Argentino). Mais: torcedores prometeram emboscar o técnico do Peru, Ricardo Gareca – que é argentino.

Além disso, só destinaram 500 ingressos à torcida adversária. Como a colônia peruana em Buenos Aires é grande, desde quarta eles fazem grande festa na porta da Bombonera.

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Precavido, o Peru decidiu ficar pouco tempo em Buenos Aires. Chegou na tarde de quarta, foi do aeroporto ao hotel por uma rota alternativa e volta para casa logo após o jogo. Além disso, levou na bagagem a própria água, para evitar que os jogadores bebam “água batizada”, como o brasileiro Branco diz ter feito na Copa de 1990.

Em campo...

A Argentina também se preparou para ganhar na bola. O técnico Jorge Sampaoli mantém astros como Messi, Biglia, Mascherano e Di María, mas pode mudar o ataque, trocando Icardi por Benedetto, artilheiro do Boca e “íntimo’’ da Bombonera. Dybala, que disse ser difícil jogar com Messi, foi barrado.

Sampaoli disse ter certeza de que classificará a Argentina. “Eu tenho a segurança e a convicção de que nós vamos disputar a Copa do Mundo. Se não estivesse convencido disso, não teria vindo trabalhar aqui.’’

No Peru, Gareca garante que sabe como surpreender a Argentina: com um futebol ofensivo.

Análise de Javier Quintela, repórter do jornal Clarín

Acredito que a Argentina estará na Copa da Rússia, mas é preciso destacar que a atual situação da seleção é consequência do caos que se passou nos últimos anos na diretoria da Associação Argentina de Futebol (AFA). Sem um projeto, não pode haver sucesso.

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Messi é decisivo, mas o futebol é um esporte em equipe. Para que Messi seja Messi, há dez outros jogadores por trás que também devem contribuir. É necessário potencializar Messi, como acontece no Barcelona, para que não se dependa exclusivamente dele, como acontece na seleção.

Jorge Sampaoli assumiu o time, mas é difícil para um treinador dar seu estilo a uma equipe em tão pouco tempo, e é muito mais complicado quando se trata de seleção. Em um clube você pode trabalhar no dia a dia e polir gradualmente uma ideia. Quando você está à frente de uma seleção, os treinamentos são mais espaçados e é difícil juntar todos os jogadores. A tudo isso deve-se acrescentar ainda outros ingredientes, como a pressão para obter um título (desde a Copa América de 1993 a Argentina não é campeã) e o desgaste psicológico dos jogadores.

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