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Análise: Desafio chinês é sair da ‘correria’ em campo e refinar parte técnica

Plano chinês é se tornar uma superpotência no futebol até 2050

Por Felipe Corazza
Atualização:

O plano chinês de se tornar uma superpotência no futebol até 2050 terá de passar por um processo que o futebol africano dos anos 90, na imensa maioria dos casos, não conseguiu completar: transformar um jogo de muita velocidade e pouca técnica em um estilo mais equilibrado. O preparo físico geral dos jogadores chineses é bom – auxilia nisso o fato de o país ter um serviço militar obrigatório de dois anos para todos os homens, mas o resultado da correria em campo não é agradável. 

Antes dos anos 90, com o país ainda relativamente fechado e pouco interesse da população pelo futebol, a instabilidade dos clubes e a falta de consenso sobre organização de campeonatos mantinham emperrado o desenvolvimento do esporte. A entrada pesada de grandes empresas do país, como o grupo Citic, gigante que começou suas atividades no ramo imobiliário e se expandiu continuamente, foi um ponto de virada. Clubes que foram montados ou comprados pelas corporações passaram a investir com mais intensidade em jogadores estrangeiros, estrutura de treinamento e até torcida – arquibancadas passaram a ter espaços reservados para grupos organizados de torcedores recrutados pelas próprias empresas em alguns jogos, como os do Beijing Guoan, cujo proprietário é o Citic.

Aluno da unidade chinesa da Ronaldo Academy Foto: Divulgação|Ronaldo Academy

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Em meados dos anos 90, começaram as tentativas mais frequentes de atrair treinadores e jogadores estrangeiros para influenciar na formação técnica dos chineses. Muricy Ramalho chegou ao país em 1998. O campeonato italiano tornou-se um dos mais populares do país após acordos para que algumas das partidas fossem disputadas em horários “amigáveis” ao fuso da China. E foi a Copa de 2002, na Coreia do Sul e no Japão, que acendeu de vez o interesse chinês – especialmente o econômico – em tornar o futebol algo grande por ali.

Ronaldo, referência da conquista brasileira na Ásia, era e ainda é uma das primeiras palavras que muitos chineses devolvem ao ouvirem que um visitante estrangeiro é do Brasil – ainda que seja na forma do “apelido carinhoso” Fei Luo, o “Rô gordo” em tradução livre. Falta, agora, que o ídolo ajude os chineses a saírem do estágio “correria” para uma fase mais equilibrada e capaz de ser competitiva no cenário internacional.

* Jornalista e subeditor de Internacional do Estadão

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