Argentina cobrará exibição de RG para checar antecedentes de torcedor em estádios

Governo anuncia medidas para diminuir violência no futebol

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Por Rodrigo Cavalheiro e correspondente em Buenos Aires
Atualização:

O governo argentino aposta na apresentação obrigatória do RG e checagem da ficha do torcedor no estádio para diminuir a violência no futebol. A medida anunciada nesta terça-feira foi recebida com desconfiança. Desde que a torcida visitante foi proibida nas arenas da Argentina, há três anos, os casos graves de agressão ocorrem em geral fora do estádio e envolvem facções de organizadas do mesmo clube ou a polícia.

"O controle do acesso passará a ser feito pelo Estado, não mais pelos clubes, que eram pressionados pelos barrabravas", disse a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, ao revelar o plano. Ela argumentou que a checagem feita pelos times falhava porque torcedores violentos ameaçavam dirigentes para não figurar na lista de vetados.

Torcedores do Boca Juniors na Bombonera Foto: Jorge Silva/Reuters

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O sistema usará celulares que escaneiam o documento de identidade e o comparam com um banco de dados. A implementação começará pela capital Buenos Aires e o jogo de teste será entre Huracán e Quilmes, na sexta-feira. A demora no ingresso de torcedores em partidas com grande público tende a ser um desafio e razão para tumulto. A tendência é a de que o controle seja por amostragem e não atinja todos os torcedores. Com a revisão dos antecedentes, seriam detidos os procurados e barrados os que a Justiça já condenou a afastamento.

A administração do presidente Mauricio Macri, que dirigiu o Boca Juniors entre 1995 e 2007, também tentará aprovar no Congresso um projeto de lei que agrava as penas para crimes cometidos no estádio e cria categorias especiais para enquadrar barrabravas. Nos estádios dos grandes clubes, as organizadas agem como máfias que cobram taxas de vendedores ambulantes de artigos piratas ou comida de rua, assim como dos flanelinhas.

A intenção do governo é progressivamente permitir a volta de torcedores visitantes, primeiro em jogos de menor expressão. A proibição veio após três mortes em dois jogos na metade de 2013. Segundo dados da ONG Salvemos al Fútbol, aquele ano terminou com 16 mortes. Em 2014, quando nenhuma das partidas teve visitantes, o número também ficou em 16, o que não permitiu comprovar a eficácia da torcida única.

A medida argentina agravou a disparidade entre times de massa e os menores. Os clubes maiores costumam encher o estádio sem a necessidade de visitantes, razão pela qual os pequenos desejam mais a volta dos jogos com duas torcidas.

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