Ápice do futebol, a Copa do Mundo eterniza histórias a cada quatro anos. Uma das maiores foi registrada em 1986, quando Diego Maradona chegou ao México no auge da sua forma e o deixou como uma lenda, principal responsável pela conquista do segundo título mundial da Argentina e até hoje reverenciado como maior ídolo do futebol do seu país.
+ Confira a página especial sobre a Copa do Mundo de 2018
+ ESPECIAL - 15 anos do Penta, nossa última conquista
Então com 25 anos e passagens por Argentinos Juniors, Boca Juniors, Barcelona e Napoli, Maradona já era visto como um craque de nível mundial, mas havia fracassado em 1982, sendo expulso no jogo que culminou na eliminação da sua seleção, para o Brasil. Mas a volta por cima foi em grande estilo.
O técnico Carlos Bilardo reformulou a seleção argentina, passou a escalá-la com três zagueiros e apostou em nomes como Brown, Burruchaga, Pumpido e Ruggeri. Mas foi Maradona quem fez quase tudo: dribles para se livrar de marcadores, jogadas geniais para encontrar o companheiro melhor posicionado e gols. Foram cinco, o que o deixou na vice-artilharia da Copa, atrás apenas de Gary Lineker, da Inglaterra.
Um desses gols de Lineker foi marcado contra a Argentina. Mas isso pouco importou para o seu torcedor, pois naquele confronto, pelas quartas de final, Maradona viveu o seu maior dia dentro dos campos em um confronto emblemático para o povo argentino, que anos antes tinha visto seu país se envolver em um conflito com os ingleses pela posse das Ilhas Maldivas.
Maradona abriu o placar com um gol marcado com a "mão de Deus", como declarado por ele, para ganhar disputa aérea com o goleiro Peter Shilton. E depois enfileirou cinco marcadores para marcar um dos gols mais emblemáticos da história das Copas.
Mas não ficou só nisso, tanto que nas semifinais Maradona fez os gols da vitória por 2 a 0 sobre a Bélgica. E ainda definiria a decisão contra a Alemanha ao dar um passe magistral para Burruchaga disparar e marcar o gol do título aos 39 minutos do segundo tempo.
Assim, a Argentina conquistou o bicampeonato mundial em uma Copa que tinha como favoritas seleções que foram marcantes na edição de quatro anos antes, mas repetiram seus resultados no México. A Alemanha Ocidental, agora dirigida por Beckenbauer, foi vice-campeã pela segunda Copa seguida, enquanto a França, liderada por Platini, parou novamente nos germânicos nas semifinais.
O Brasil, novamente comandado por Telê Santana, caiu de novo nas quartas de final, falhando na tentativa de repetir o feito de 16 anos antes, quando faturou o tricampeonato mundial no México, que assumiu a condição de país-sede do torneio às pressas, após a desistência da Colômbia de receber a Copa, e que conseguiu superar os efeitos de um grave terremoto para organizá-lo.
Mas se o torcedor mexicano tinha na memória o brilho da seleção de 1970 e o brasileiro sonhava em ver a repetição do futebol-arte de 1982, ambos se frustraram, ainda que Telê Santana tenha mantido a base talentosa, mas envelhecida, de quatro anos antes, com craques como Falcão e Sócrates.
Os problemas, porém, começaram antes mesmo da chegada ao México, com o corte de Renato Gaúcho por problema disciplinar, e a consequente perda de Leandro, que desistiu de ir à Copa por solidariedade ao amigo. Além disso, Zico, em recuperação de grave lesão no joelho, viajou longe das condições ideais.
Em campo, o Brasil se manteve 100% e sem sofrer gols até as quartas de final. Passou por Espanha (1 a 0), Argélia (1 a 0) e Irlanda do Norte (3 a 0) no seu grupo e goleou a Polônia (4 a 0) nas oitavas de final, fase disputada pela primeira vez na história das Copas em 1986. Diante da França, com o placar empatado em 1 a 1, Telê acionou Zico no segundo tempo. O craque deu passe genial para Branco sofrer pênalti, mas desperdiçou a cobrança. A definição do confronto foi, então, para os pênaltis. Dessa vez, então, Sócrates e Júlio César falharam.
FICHA TÉCNICA DA FINAL:
ARGENTINA 3 x 2 ALEMANHA OCIDENTAL
ARGENTINA - Pumpido; Brown, Ruggeri e Cuciuffo; Giusti, Batista, Burruchaga (Trobbiani), Enrique e Olarticoechea; Maradona e Valdano. Técnico: Carlos Bilardo.
ALEMANHA OCIDENTAL - Schumacher; Berthold, Jakobs, Förster, Briegel e Brehme; Eder, Matthäus e Magath (Hoeness); Rummenigge e Allofs (Völler). Técnico: Franz Beckenbauer.
GOLS - Brown, aos 23 minutos do primeiro tempo; Valdano, aos 11, Rummenigge, aos 29, Völler, aos 36, e Burruchaga, aos 39 minutos do segundo tempo.
DATA: 29 de junho de 1986
ÁRBITRO - Romualdo Arppi Filho (Brasil).
CARTÕES AMARELOS - Maradona, Matthäus, Briegel, Olarticoechea, Enrique e Pumpido.
PÚBLICO - 114.600 presentes.
LOCAL - Estádio Azteca, na Cidade do México (México).