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Assis, a vítima de racismo que Dilma deixou de lado

Governo escolhe três representantes para audiência: Tinga, Arouca e Márcio Chagas

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Por Gonçalo Junior
Atualização:

SÃO PAULO - Assis não consegue disfarçar os olhos úmidos ao se lembrar do dia 9 de março, quando foi chamado de "macaco, negro, safado e fedorento", em Patos de Minas, no intervalo do jogo entre o seu Uberlândia e o Mamoré. Era o dia do seu aniversário de 28 anos. Sentiu outro aperto no coração no dia 13, quando não foi convidado para uma audiência entre a presidente Dilma Rousseff, representantes negros e outras vítimas de injúrias raciais no futebol.A Secretaria-Geral da Presidência diz que chamou três representantes de cada segmento e, do futebol, os escolhidos foram Tinga, Arouca e o árbitro Márcio Chagas. Assis ficou de fora. "Fiquei um pouco chateado, sim. O racismo que eu sofri foi o mesmo que eles. Seria bom ter ido, mas tenho de pensar que ela mostrou preocupação com os outros", diz o lateral-esquerdo.A entrevista exclusiva ao Estado, no final da tarde de quinta-feira, foi a primeira vez em que Francisco Assis falou publicamente sobre o primeiro caso de discriminação racial em seus dez anos de carreira. Passou alguns dias baqueado, sem falar com ninguém. Conversou apenas com a esposa, Claudinéia, que é branca. Abalado, o casal queria processar o caminhoneiro Marcelo da Costa Fernandes, autor da ofensas racistas, mas mudou de ideia. "Quero seguir em frente. Consegui absorver o que aconteceu e vou deixar para ele pensar sozinho em tudo o que falou".

 

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