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Atlético, juiz e PM trocam acusações

Um dia depois a briga no Estádio do Mineirão, todos os envolvidos procuram se defender atacando o outro. O caso ainda não tem data para ser julgado.

Por Agencia Estado
Atualização:

O árbitro mineiro Luiz Carlos Silva, que no domingo protagonizou cenas de pugilismo com um torcedor durante o clássico entre América-MG e Atlético-MG, no Mineirão, justificou nesta segunda-feira sua atitude como uma defesa da honra. "Naquele momento eu pensei na minha família e nos possíveis constrangimentos. Se eu corresse desse cara, ia ficar feio demais. Eu não ia passar esse vexame perante o Brasil, perante os meus filhos", disse. Já no final da partida - que o América venceu por 1 a 0 -, revoltado com a atuação de Silva, o torcedor Wagner Machado Xavier, 23 anos, invadiu o gramado e partiu para cima do árbitro. Os dois trocaram socos e chutes até que a Polícia Militar entrasse em campo e imobilizasse o invasor. "Eu cheguei em casa às 21h30 da noite. Minha filha de quatro anos e meu filho de seis estavam me aguardando para ver se eu machuquei realmente, o que aconteceu comigo", contou Silva, demonstrando satisfação com o apoio que diz ter recebido da população nas ruas de Belo Horizonte. "O público, em geral, está do meu lado, mesmo os atleticanos". O árbitro disse também que só reagiu porque se tratava de um torcedor e não de um profissional credenciado. "Nesse caso, bateu, tomou, fica tudo por isso mesmo. Depois ele ia pagar três cestas básicas e não aconteceria mais nada". Súmula - Na súmula que encaminhou à Federação Mineira de Futebol (FMF), Silva não identificou Xavier como torcedor do Atlético, o que pode livrar o clube mineiro de alguma futura punição. "Ficou claro que o torcedor é o Atlético, mas em momento algum eu coloquei que ele é porque na hora que ele invadiu ele estava sem camisa e apenas de bermuda. Na súmula, está um torcedor não identificado". O episódio, é mais um envolvendo os clubes e os árbitros mineiros no campeonato estadual. Desde o início da competição, a diretoria do Atlético, alegando que o clube vem sendo prejudicado, defende a contratação de profissionais de outros estados. Após o jogo, o presidente Ricardo Guimarães insistiu nas críticas à arbitragem mineira. Segundo ele, Silva não tinha condição "técnica", "disciplinar" e nem "psicológica" para apitar a partida. "Condenamos a entrada do torcedor no campo, condenamos esse tipo de atitude, mas também não podemos dar margem para que isso aconteça". Danrlei - A atuação do árbitro também foi criticada pelo técnico Procópio Cardoso e por outros jogadores, entre eles o goleiro Danrlei, que se envolveu em uma confusão e foi agredido por policiais ao tentar proteger o torcedor invasor. Nesta segunda-feira, o comando geral da PM divulgou nota na qual sustenta que os policiais agiram "dentro da normalidade" e classifica de "irregular" a atitude do goleiro atleticano, "que interferiu numa operação que dizia respeito apenas aos policiais militares envolvidos". "A atitude dele (Danrlei) foi lamentável", reforçou Silva, cuja atuação foi analisada no final da tarde desta segunda-feira pela Comissão de Arbitragem da FMF. O árbitro disse, porém, que estava com a consciência tranqüila. "Eu até coloquei meu cargo à disposição se a comissão enxergar algum erro meu. Aqui, tudo o que se apita contra o Atlético está ruim". Estatuto - O torcedor que invadiu o gramado do Mineirão foi levado para a delegacia instalada no estádio, onde foi autuado conforme prevê o Estatuto do Torcedor. Ele foi liberado e deverá ficar impedido de comparecer aos jogos de seu time por um período de seis meses. Ainda detido, Xavier acusou os policiais de o terem espancado e disse que o que passou pela sua cabeça foi "ódio". "O juiz avacalhou o espetáculo". Por pouco, a prisão do torcedor atleticano não gera um confronto entre as polícias civil e militar. Quando os PM?s conduziam o invasor, houve troca de empurrões com torcedores e um delegado que não estava em serviço chegou a sacar sua arma, mas foi contido.

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