Camisa branca, mesma cor do calção e dos meiões. No peito, o escudo da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Foi dessa forma que a seleção brasileira entrou em campo em cinco dos seis jogos da campanha na Copa do Mundo de 1950 – contra a Suíça, na segunda rodada da primeira fase (empate por 2 a 2 no Pacaembu), o calção era azul.
A derrota para o Uruguai por 2 a1, na decisão do quadrangular final da competição, com mais de 173 mil brasileiros nas arquibancadas do Maracanã, fez o torcedor e os dirigentes elegeram um culpado pelo resultado: o uniforme branco usado nas últimas quatro Copas do Mundo. Depois do vice-campeonato em 1950, o Brasil nunca mais vestiu a camisa. E, para definir as novas cores, a CBD, em parceria com o jornal carioca Correio da Manhã organizou um concurso para a escolha do novo modelo a ser usado pela seleção brasileira.
O fato ocorreu às vésperas da disputa das eliminatórias do Mundial de 1954, em outubro de 1953. Após o envio de mais de 200 desenhos à redação do jornal, o trabalho escolhido foi o de Aldyr Garcia Schlee, que, aos 18 anos, desenhou um uniforme com base na cores da bandeira brasileira. A camisa era amarela, com detalhes verdes na gola e nas mangas. O calção, azul, trazia listras brancas nos lados. Já os meiões eram brancos, com frisos verdes e amarelos no alto. O desenhista gaúcho foi anunciado vencedor no dia 15 de dezembro daquele ano. E o novo uniforme foi apresentado ao País após ser reproduzido na capa do Correio da Manhã.
O anúncio oficial do novo uniforme desenhado por Schlee ocorreu já em 1954, no dia 20 de janeiro, no palco da tragédia de 1950, antes de um confronto decisivo entre Flamengo e Botafogo no Campeonato Carioca. Em campo, dois futuros campeões mundiais em na Copa de 1958: os botafoguenses Nilton Santos e Garrincha - Zagallo, do Flamengo, em início de carreira, era reserva da equipe rubro-negra. A estreia da seleção com o uniforme verde e amarelo deu-se no fim de fevereiro daquela ano, contra o Chile, em Santiago, já nas eliminatória do Mundial da Suíça. Com dois de Baltazar, remanescente da Copa de 1950, o Brasil venceu por 2 a 0. O centroavante também marcaria o gol da vitória diante dos chilenos no Maracanã, na estreia da nova camisa no estádio.
Na primeira experiência com o uniforme em Copas, o Brasil não teve sucesso. Após uma vitória por 5 a 0 na estreia contra o México e um empate por 1 a 1 diante da Iugoslávia, a seleção foi eliminada pela Hungria nas quartas de final (4 a 2). A camisa amarela faria parte de uma história vencedora dali a quatro anos, na Suécia, com o time treinado por Vicente Feola.
Após quatro vitórias e um empate jogando de amarelo, o Brasil precisou mudar no sexto jogo da competição. Na grande final, a seleção brasileira subiu ao gramado do Estádio Rasunda com a camisa azul. O fato ocorreu pois os anfitriões também usavam uniforme amarelo. Depois de uma derrota no sorteio organizado pela Fifa, era preciso dar a notícia aos jogadores brasileiros.
Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação, afirmou, então, que a seleção entraria em campo com a cor do manto de Nossa Senhora. O incentivo deu certo: ao término do confronto, Bellini ergueu a Taça Jules Rimet e mostrou ao mundo pela primeira vez a força do futebol brasileiro. Nas outras quatro conquistas, Mauro (1962), Carlos Alberto Torres (1970), Dunga (1994) e Cafu (2002) levantaram o troféu com a camisa amarelo no peito.
NÚMEROSAté a derrota para o Uruguai em 1950, a seleção brasileira jogou 13 vezes com o uniforme branco - nas Copas de 1930 (Uruguai), 1934 (Itália), 1938 (França) e 1950 (Brasil). No total, alcançou sete vitórias, empatou duas partidas e saiu derrotado em quatro oportunidades. Contra a Polônia, na estreia da Copa de 1938, o time de Leônidas entrou em campo de azul e venceu por 6 a 5.
Depois do título de 1958, mais oito partidas foram disputadas com o segundo uniforme. A seleção chegou à vitória contra a Argentina em 1974 (2 a 1), a Polônia em 1978 (3 a 1), a Holanda e a Suécia em 1994 (3 a 2 e 1 a 0, respectivamente), além da Inglaterra em 2002 (2 a 1). O time brasileiro ainda empatou por 1 a 1 com a seleção sueca na primeira fase da Copa dos Estados Unidos. Na ocasião, o empate garantiu a primeira colocação do grupo. De azul, o Brasil foi eliminada da Copa do Mundo duas vezes: sempre contra a Holanda, em 1974 e 2010. Hoje, contra Camarões, o Brasil entrará em campo pela 77.ª vez de verde e amarelo. O retrospecto com a camisa desenhada por Aldyr Schlee em 1953 é o melhor entre os três uniformes da história brasileira: 76,7%, com 54 vitórias, 13 empates e nove derrotas.