As suspeitas de corrupção e irregularidades envolvendo a Copa de 2014 no Brasil ultrapassam fronteiras. A Fifa investiga o fato de o ex-presidente Joseph Blatter e o ex-secretário-geral Jérôme Valcke terem contratos para receber quase R$ 100 milhões em prêmios e bônus pela realização do último Mundial. A suspeita é de que os pagamentos sejam ilegais e que possam se configurar como propinas.
Os contratos que também estão sendo investigados pelo FBI e pela Justiça da Suíça apontam para suspeitas relativas aos critérios estabelecidos para justificar os pagamentos. O que surpreende a Fifa é que os valores foram autorizados em contratos assinados pelos próprios beneficiários, sem qualquer consulta.
Blatter tinha contratos de US$ 12 milhões por sua contribuição para realizar a Copa no Brasil. Valcke recebeu mais US$ 10 milhões.
Valcke foi afastado do futebol por dez anos depois de o Estado e outros nove jornais internacionais revelarem que o francês fechou acordos para ficar com parte dos lucros da revenda de ingressos para a Copa de 2014, num esquema com ágio de mais de 200% nos valores das entradas e que teria envolvido mais de 2 milhões de euros (R$ 8,6 milhões) apenas para o bolso dele.
As suspeitas também pairam sobre a relação entre a Fifa e os dirigentes brasileiro. O relatório paralelo preparado pelos senadores na CPI do Futebol aponta para suspeitas em relação aos contratos da preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014. O centro das investigações é Comitê Organizador Local (COL), que foi presidido por Ricardo Teixeira, José Maria Marin e, mais recentemente, por Marco Polo del Nero.
No total, a Fifa repassou ao COL, que sempre evitou ser fiscalizado pelo governo, US$ 453 milhões. “O sigilo bancário do COL revela uma série de pagamentos a empresas que precisam ser melhor investigados, em função do histórico e das conexões dessas empresas e seus acionistas com o COL, a CBF e seus dirigentes, especialmente, quanto a eventuais ajustes, combinações ou qualquer outro expediente voltado ao recebimento de vantagens indevidas decorrentes de contratações direcionadas”, alertou o documento.