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Chile e Argentina lutam contra tabus na final da Copa América

Seleções jogam a final para reescrever a história na América do Sul

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Por Gonçalo Junior
Atualização:

A decisão entre Chile e Argentina virou muito mais do que uma partida de futebol. Os tabus que estão em jogo - o Chile nunca foi campeão e a Argentina espera 22 anos para levantar uma taça -, rivalidades e tensões geopolíticas de anos que inflamam os torcedores e a espera de Messi pelo troféu inédito com a camisa da seleção transformaram a final em uma chance de reescrever a história dos dois países. Chile e Argentina lutam pela afirmação, dentro e fora de campo, hoje, às 17h, em Santiago.

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O peito estufado dos chilenos, certos do título após a vitória sobre o Peru, foi murchando à medida que a Argentina goleava o Paraguai por 6 a 1 na outra semifinal. O otimismo virou preocupação.

Até o técnico Sampaoli sentiu o baque. Nos últimos treinos, ele ensaiou uma formação com três zagueiros. Depois inverteu a posição de Gary Medel, seu melhor defensor, para o lado em que Messi atua. Não é certo que use as mudanças, mas ele mostrou os problemas causados pela suspensão do zagueiro Jara por causa da “mão boba” contra o Uruguai. O reserva Rojas não passou confiança.

Para compensar a gambiarra da defesa, o Chile aposta no melhor ataque (13 gols) e na sua intensidade, talvez a grande novidade do torneio. A melhor geração do futebol chileno terá o apoio de um estádio lotado - só 4% dos ingressos foram destinados aos argentinos. “Estamos próximos de um passo histórico”, disse o goleiro Bravo.

A Argentina é o pior rival que o Chile poderia encontrar. Pesam questões históricas - os dois países quase foram à guerra em 1978 em uma disputa territorial. Dentro de campo, o rival conquistou as últimas quatro edições do torneio disputadas no Chile e tem um craque em cada posição do meio para a frente, entre eles, Messi. “O que nos dá confiança é fazer aquilo que vem dando certo”, disse o técnico Tata Martino, ontem.

A equipe também tem problemas na defesa. Garay ficou fora do último jogo por causa de dores estomacais, mas fez os dois últimos treinos. Demichelis é o substituto imediato. Preocupam os argentinos a saída de bola. Foi a partir de um erro no setor que o Paraguai fez seu gol, com Lucas Barrios, e quase complicou a semifinal quando diminuiu para 2 a 1. 

Troféu. Independentemente de quem seja o campeão, ainda não está definido quem fará a entrega da taça. Acuados pelo escândalo de corrupção da Fifa e pela investigação em curso, os dirigentes da Conmebol não apareceram nos estádios nem na abertura. Nos escritórios da entidade, em Santiago, ninguém confirma a chegada do presidente Juan Ángel Napout para o jogo final. 

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Com esse silêncio, a principal candidata a ocupar o vazio é a presidente Michele Bachelet, figura constante em todos os jogos da seleção chilena, nas tribunas e nos vestiários, mas que enfrenta baixos índices de popularidade. Ela repetiria o gesto da presidente Dilma Rousseff na Copa do Mundo de 2014. 

O presidente de federação chilena, Sergio Jadue, também pode entregar o troféu para Messi ou Bravo. Ele foi o único que não se escondeu, embora sua administração também esteja sob investigação.

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