CORINTHIANS CORTA PREÇO DE ÁREAS DO ITAQUERÃO

Clube é obrigado a rever valores e renegociar carência da dívida

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Alexa Salomão e Paulo Favero
3 min de leitura

Um antigo temor em relação à Arena Corinthians se concretizou. O plano de negócios apresentado para justificar a construção do estádio, de fato, não ficava em pé, como muitos críticos ao projeto já previam antes mesmo de a bola rolar no gramado do Itaquerão. Por causa disso, o time está revendo, para abaixo, o preço das áreas mais luxuosas.

O Estado teve acesso a documentos que embasam o pedido de suspensão temporário do pagamento de parcelas do financiamento feito para a construção do Itaquerão. Neles, os sócios da Arena Corinthians argumentam que simplesmente não vão conseguir pagar o empréstimo por causa da baixa rentabilidade da Arena no primeiro ano de operação.

O pedido de mais carência foi enviado à Caixa Econômica Federal, que atuou como intermediária na liberação do crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Basicamente, há três sócios que devem fazer o Itaquerão gerar lucros e pagar o financiamento: o próprio Corinthians, o grupo Odebrecht, por meio da Odebrecht Participações e Investimentos, e a gestora de fundos BRL Trust.

Setor oeste da arena é o que tem menos presença de público Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

LIQUIDAÇÃODentro do novo plano de negócios, a primeira medida foi rever preços. Afora um pequeno aumento aplicado sobre alguns ingressos avulsos, a maioria dos valores foram reduzidos. É como se Arena estivesse em liquidação. Um exemplo sãos os preços mínimos do chamado PSL (sigla em inglês para Personal Seat License, numa tradução livre, direito pessoal de uso de assento). Esse setor é como uma cadeira cativa, na qual o torcedor tem o direito de usar aquele assento por todo o período que adquiriu – no mínimo um ano.

No PSL Business, no 8º andar, a redução média de preço foi 75%. Um deles chegou a ter preço mínimo de R$ 28 mil e hoje está avaliado em R$ 5,5 mil. O corte mais expressivo foi feito nos camarotes de festas. Um deles já custou quase R$ 1,5 milhão. Agora sai por menos de R$ 650 mil.

Parte das mudanças que foram apresentadas à Caixa, na prática, já estão sendo feitas na Arena. Setores que antes não tinham a venda de bilhetes avulsos, como as cadeiras superior Business e os camarotes de festa, todos no prédio oeste, considerado o espaço mais nobre e rentável do Itaquerão, já são comercializados e os preços por lá variam de R$ 120 a R$ 350. "O principal objetivo foi aumentar a receita no segundo turno do campeonato", explica Gustavo Herbetta, superintendente de marketing do Corinthians. Inicialmente, o Plano de Negócios projetou que a demanda seria tão espetacular que não seria necessário ter os avulsos.

Continua após a publicidade

NOVO PLANO Ele lembra que a alteração, que o clube chama de novo Plano de Negócios, aumentou consideravelmente a venda de ingressos. "Existia uma demanda reprimida de pessoas do setor leste; o lado oeste, que era direcionado mais para o público corporativo, não enchia. O plano número um tinha um valor fora da realidade, então tentamos remodelar de forma que os valores coubessem na vida real."

Na mudança promovida, dos quase quatro mil lugares para o PSL Business ficaram cerca de 800 cadeiras apenas. "Abrimos o oitavo andar, onde tem um bufê, música, ou seja, um conteúdo diferenciado para o torcedor. É uma área vip corporativa e o restante da cadeiras foi para o torcedor comum, que era uma demanda reprimida", diz Herbetta.

Para muitos críticos desse novo Plano de Negócios, a proposta anterior foi dinamitada e o clube está pensando a curto prazo, sem ter uma garantia de renda futura com a venda de setores no mínimo pela temporada toda. "Você desvaloriza o negócio com falsa imagem de sucesso", afirmou uma pessoa do Corinthians, preferindo não ser identificada.

Herbetta reconhece que a boa fase do Corinthians ajuda a encher o estádio neste momento, mas pondera também que a arrecadação aumentou consideravelmente nas últimas partidas.

 Foto: Arte/Estadão