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Corinthians: O ídolo do time é... Kia!

Na apresentação do elenco no Parque São Jorge a atração foi o iraniano, presidente da parceira corintiana. Ele deu autógrafos, teve o nome cantado e aproveitou para desbafar.

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de cinqüenta corintianos se espremiam no alambrado do Parque São Jorge. Na escaldante manhã desta sexta-feira eles brigavam por um autógrafo. Não dos jogadores. Mas do iraniano Kia Joorabchian que, com seus milhões, caça estrelas pelo mundo para atuar pelo Corinthians. Sorrindo, Joorabchian dava os seu autógrafos. "Ele é uma gracinha. Parece mesmo o João Kléber (apresentador da RedeTV). Mas um João Kléber rico", elogiava Heloísa Castro, torcedora que de tão feliz beijava o autógrafo onde estava escrito "All best, Kia" (Tudo do melhor, Kia). Kia sorria satisfeito. Sabia que havia dado volta a volta por cima. As contratações de Tevez, Carlos Alberto, Sebastian Domingues e a perspectiva da chegada de Vágner Love calaram as acusações de aventureiro, testa-de-ferro da máfia chechena, mentiroso... Provando que as pessoas se acostumam rápido às coisas boas, os torcedores apelavam para o inglês para pedir o velho sonho: "Stadium, stadium, stadium, stadium", pediam em coro os torcedores. Ele só sorria e encarava os torcedores, posando como quem pudesse realizar mesmo o último sonho. Incentivado pelo apoio, Kia deu uma entrevista imprevista, desabafou e provocou os inimigos. "Não riram quando eu disse que contrataria o Tevez? Ninguém no mundo era capaz de acreditar. Depois não falaram que eu não pagaria ao Boca Juniors? Paguei. Quem seria capaz de imaginar um time do Brasil repatriando um jogador com potencial para atuar na Seleção de 20 anos? Esta aí o Carlos Alberto. Estou montando um time para ganhar tudo o que disputar. Tudo e por muitos anos. Porque manterei uma equipe corintiana forte por vários anos", promete. "Quero ganhar tudo, tudo, tudo", repetiu em tom provocador. Mas havia espaço para rancor. "Eu fiquei decepcionado com a minha chegada no Brasil porque cheguei com o intuito de trabalhar. Fui acusado de várias coisas sem prova. E agora? As acusações não deram em nada. Existem pessoas que ainda tentam aparecer na televisão falando de mim, só que não merecem nem a minha resposta. Não estou para falar. Estou no Brasil para fazer e estou fazendo." Quando o assunto era dinheiro, ele esnobava. "Eu estourei o meu orçamento há muito tempo. Para montar o time que desejo para o Corinthians tive de gastar bem mais do que eu mesmo havia planejado." O presidente Alberto Dualib que acompanhava a entrevista orgulhoso do iraniano resolveu interrompê-lo. "O que o Kia está fazendo é um ato de heroísmo. Montar uma equipe espetacular como a que o Corinthians nunca teve neste inflacionado mundo do futebol é um ato de heroísmo e precisa ser reverenciado." O iraniano ia começar a explicar o porquê de não ter sanado as dívidas do departamento social do Corinthians, quando Dualib de novo interrompeu. "Ele só pagou US$ 2 milhões porque quisemos. Não quisemos receber já os US$ 20 milhões porque o dólar está em baixa. Perderíamos cerca de R$ 8 milhões no câmbio. Vamos esperar subir para depois receber o que ainda falta. Não vamos jogar fora tanto dinheiro." O presidente corintiano, que não queria responder perguntas, voltou a falar espontaneamente e tentou dizer que não merecia o apelido que conselheiros da oposição lhe deram. "Ele é a rainha da Inglaterra do Parque São Jorge. Tem pose, mas não manda nada. Quem manda é o Kia que comprou o futebol do clube", repete o conselheiro Romeu Tuma Júnior. "Quero deixar claro que todas as decisões no futebol têm a participação do presidente. Nenhuma contratação é acertada sem o aval da presidência". Kia ficou envergonhado apenas quando teve de comentar os autógrafos. "Eu não sou ídolo. Sou alguém trabalhando com o Corinthians". A estréia dos novos reforços deve ser somente no dia 29 de janeiro, contra o América-SP, pela quarta rodada do Campeonato Paulista, no Estádio do Morumbi.

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