Crise financeira sem precedentes ameaça o futuro do Botafogo

Clube encerrou 2013 com dívida de R$ 698 milhões, tem bloqueio total das receitas e agora corre risco de debandada de jogadores

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Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan e Ronald Lincoln Jr
Atualização:

Uma crise financeira sem precedentes ameaça o futuro do Botafogo. O clube carioca, que encerrou 2013 com uma dívida de R$ 698 milhões, foi excluído do Ato Trabalhista e, por determinação da Justiça, convive com o bloqueio total das receitas. E agora corre o risco de debandada de jogadores.

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A interdição do Engenhão também agravou a situação do Botafogo, já que o clube deixou de lucrar com patrocínios, renda dos jogos e outros eventos.

Antes da derrota para o Flamengo no domingo, jogadores entraram no gramado carregando uma faixa expondo o atraso de três meses nos salários - o que, por lei, já os autoriza a pedir a rescisão de contrato - e de cinco nos direitos de imagem. 

Antes de clássico, jogadores do Botafogo reivindicam cinco meses de salários atrasados Foto: Roberto Filho

Alguns atletas estão socorrendo financeiramente os colegas. De acordo com o técnico Vagner Mancini, o atacante Emerson Sheik, que tem parte dos vencimentos pagos pelo Corinthians, já emprestou dinheiro a outros jogadores. “Vivemos uma situação atípica. Há muito tempo que eu não vivia uma situação de atraso tão grande”, declarou Mancini à Rádio Globo. “Isso tem causado um desgaste muito grande.” 

Os jogadores garantem que os problemas financeiros não afetam o desempenho. Mas, em meio à crise, o elenco já perdeu os meias Lodeiro, negociado com o Corinthians, e Jorge Wagner, que resolveu voltar para o Japão. O zagueiro Dória é outro que pode deixar o clube.“Por mais que afirmemos que não atrapalha, nunca estamos 100% focados”, disse Jorge Wagner. 

Na semana passada, o presidente Maurício Assumpção pediu uma solução à presidente Dilma Rousseff, durante encontro que reuniu dirigentes em Brasília. Ele chegou a dizer que o Botafogo poderia até mesmo abandonar o Campeonato Brasileiro.

A ameaça não é levada a sério. Mesmo assim, o presidente da Federação de Futebol do Rio (Ferj), Rubens Lopes, considera que o bloqueio das receitas precisa ser revisto. “Certamente que, por causa do bloqueio, o número de funcionários e atletas do Botafogo que estão sem receber é muito maior do que o dos que estão recebendo.”

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O Globoesporte.com revelou que uma empresa de familiares de Assumpção recebe 5% sobre os contratos do clube com uma de suas patrocinadoras. Por email, o dirigente alegou que o contrato, iniciado em 2010, “não apresentava qualquer tipo de impedimento sob a ótica do Estatuto do Botafogo”. Ele afirmou ainda que não tem sociedade na empresa. 

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