Cristóvão Borges revela racismo em críticas ao seu trabalho no Fla
Técnico do rubro-negro diz que é perseguido de forma 'sistemática'
Por Redação
Atualização:
O treinador Cristóvão Borges, do Flamengo, revelou estar sendo vítima de racismo em sua passagem pelo clube carioca. O técnico assumiu o comando do rubro-negro em maio deste ano, após a saída de Vanderlei Luxemburgo, e hoje ocupa a 13ª posição do Brasileirão, com 20 pontos conquistados. Em entrevista ao programa Linha de Passe, da ESPN, o treinador questionou o tipo das críticas 'sistemáticas' que são feitas ao seu trabalho, muitas vezes através das redes sociais.
'Começam com as críticas, as críticas insistentes, contínuas e diárias. Então ela vira perseguição e, no conteúdo de algumas dessas críticas, existem componentes racistas sim. Por exemplo, foi citado que o Flamengo, na hora de escolher o treinador, deixou de escolher o Osvaldo de Oliveira para escolher o do Pelourinho'
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Mesmo assumindo que ocupa um cargo que envolve muita paixão das pessoas, assim como ocorre com um árbitro de futebol, Cristóvão entende que é tratado com menos paciência. 'A tolerância comigo é diferente, sempre foi. Agora, isso não é uma coisa que me afete a ponto de atrapalhar meu trabalho. Isso não, porque eu me preparei para estar nessa situação. Só que, quando passa do ponto, quando me atinge como pessoa, como cidadão, aí sim eu vou procurar meus direitos para me fazer ser respeitado'.
Com passagens por clubes como Corinthians, Grêmio e Fluminense e seleção brasileira como jogador, Cristóvão Borges já havia sofrido com o mesmo problema quando treinou o Vasco da Gama, entre 2011 e 2012. 'Quando eu tirava o Felipe ou o Juninho, o torcedor achava que eu estava maltratando o ídolo. Para o torcedor, era muito abuso partindo de um ex-assistente, e negro, que ainda por cima defendia suas convicções. Eu me coloco. E essa coisa incomoda. Eu defendo minhas convicções independentemente de gostarem ou não, de ser vaiado ou não. Sei que isso incomoda. Não faço para agradar. Defendo e sustento. Como sou negro, percebo a agressividade. Os caras dizem: “Seu negro filho da p…”, ou algo assim. Aí, você percebe que está incomodando e que isso acontece não somente pela posição que está ocupando. É ofensa pessoal', disse em entrevista ao jornal Extra, quando ainda treinava o Fluminense no começo da temporada.
O fantasma do racismo no futebol
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No começo do ano, o volante Arouca foi ofendido por um grupo de torcedores do Mogi Mirim no Campeonato Paulista Foto: Divulgação/Santos
Balotelli
Irritado com ofensas racista durante jogo contra o Hellas Verona pelo campeonato italiano, Mario Balotelli chegou a chutar a bola em direção aos torce... Foto: Marco Bertorello/AFPMais
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Lamentável: em dérbi contra o Atlético, Marcelo foi vítima. Torcedores rivais entoaram cânticos racistas contra ele e seu filho Foto: AFP
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Paulão, zagueiro brasileiro do Bétis, foi vítima da própria torcida ao ser expulso no 1º tempo em partida contra o Sevilla Foto: EFE
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O Milan deu ótimo exemplo em 2013. Em amistoso na Itália, Boateng foi vítima de racismo e o time inteiro decidiu abandonar o jogo Foto: EFE
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Drogba sofreu com o racismo enquanto atuou pelo Galatasaray. Em dérbi contra o Fenerbahçe, a torcida imitou sons de macaco Foto: EPA
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Em jogo entre Anzhi e Zenit, um torcedor ofereceu uma banana a Roberto Carlos, que foi consolado pelos companheiros Foto: AP
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Em 2005, Grafite foi ofendido por Desábato, do Quilmes, que recebeu voz de prisão ainda no gramado, mas pagou fiança Foto: AP
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Marc Zoro precisou ser convencido por Adriano a não deixar a partida após sofrer racismo da torcida da Inter em 2005 Foto: AFP
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Antônio Carlos Zago já foi chamado de "macaco" quando jogou pela Roma, mas também foi acusado em 2006 por gestos racistas Foto: Xsport
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Atuando pelo Barça, Eto"o chegou perto de abandonar uma partida após ser vítima de racismo, mas foi contido pelos companheiros Foto: REUTERS
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Em jogo contra o CSKA em que Yaya Touré sofreu racismo, o clube russo foi punido e fechou seus portões até o final da Liga Foto: Action Image
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A presidente Dilma recebeu o jogador Tinga e o árbitro Márcio Chagas, que foram vítimas em 2014, no Palácio do Planalto Foto: AFP
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Nesta quinta, a vítima do fantasma do racismo foi o goleiro Aranha, ofendido por uma infeliz parte torcida do Grêmio Foto: Diego Guichard
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Balotelli até chorou no banco de reservas durante jogo contra o Napoli devido às ofensas. Ele já foi vítima incontáveis vezes Foto: AFP
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Neste ano, Dani Alves comeu a banana que foi atirada por torcedores do Villarreal e deu uma lição de superioridade Foto: Reprodução