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De Eriberto a Luciano: a volta por cima de um brasileiro na Itália

No último domingo, na vitória do Chievo, o lateral brasileiro foi eleito o melhor em campo

Por NEMESIO RODRÍGUEZ
Atualização:

MADRI - Ele chamava Eriberto, foi revelado pelo Palmeiras durante a primeira passagem de Luiz Felipe Scolari, teve passagem bem sucedida pelo Bologna e foi um dos pilares da grande campanha do modesto Chievo na temporada 2001/2002 do Campeonato Italiano. Porém, a descoberta de que havia adotado uma identidade falsa no início da carreira causou uma mancha em uma trajetória que rumava para o estrelato no futebol mundial. Eriberto Conceição da Silva, ou melhor, Luciano Siqueira de Oliveira, havia nascido na verdade em 3 de dezembro de 1975, e não no dia 21 de janeiro de 1979, como constava no documento forjado. O meia e lateral-direito confessou a adulteração em uma entrevista ao jornal italiano Corriere dello Sport, ao qual revelou que, "aconselhado por algumas pessoas", falsificou seus documentos de identidade em 1996 para atuar no time juvenil do Palmeiras. "Havia ficado órfão, precisava de um meio de vida para fugir da pobreza", declarou o brasileiro, que disse ainda ter posto fim à farsa para poder dar seu verdadeiro sobrenome a seu filho Felipe. Como punição, o jogador foi suspenso por seis meses e recebeu uma multa de US$ 145 mil. Posteriormente, o Comitê Nacional Olímpico italiano rebaixou o período de suspensão para quatro meses. Luciano voltou aos gramados e chegou a ser emprestado por uma temporada (2003/2004) à Internazionale de Milão, mas não vingou. De novo no Chievo, ajudou a equipe em 2006 a se classificar para a fase eliminatória da Liga dos Campeões em um ano marcado pela corrupção no futebol italiano. O Chievo acabou rebaixado à segunda divisão em 2007, e retornou à Serie A no ano seguinte, sempre com o brasileiro como titular. No último domingo, na vitória em casa do time veronês sobre o Genoa (3 a 1), o lateral foi eleito o melhor em campo pelo jornal La Gazzetta Dello Sport. Prestes a completar 35 anos, Luciano tem fôlego invejável. Parece até ter mesmo a idade de sua identidade falsa. Seu caso lembra muito o de um compatriota que fez carreira de sucesso no futebol espanhol, o ex-jogador Donato. Nunca se soube com fidelidade qual era a idade real do volante, que antes de brilhar no Deportivo La Coruña passou por Vasco e Atlético de Madri. Em todo caso, Donato se aposentou em 2003 com 40 anos após dez temporadas no clube galego, no qual ganhou o carinhoso apelido de "avô".

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