Del Nero é pego de surpresa e busca apoio de aliados

Presidente da CBF considera saída de Blatter uma ‘bomba’

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Foto do author Almir Leite
Foto do author Marcio Dolzan
Por Almir Leite e Marcio Dolzan
Atualização:

A renúncia de Joseph Blatter, apenas quatro dias depois de ter sido eleito para mais um mandato na presidência da Fifa, pegou Marco Polo Del Nero de surpresa. Embora tenha consciência da gravidade da situação com o estouro das denúncias de corrupção, ele não esperava uma atitude radical do suíço tão rapidamente. Del Nero soube da renúncia no início da tarde, após almoço com jogadores tricampeões mundiais, e demonstrou preocupação. Considerou uma “bomba’’ e reuniu-se com os principais diretores da entidade para avaliar as consequências da decisão. Está preocupado, mas continua apostando que a avalanche não chegará a seu mandato na CBF.  O Estado conversou com o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que estava com Del Nero quando a notícia da renuncia chegou. Ele não quis entrar em detalhes sobre a reação do presidente da CBF, mas reconheceu que a saída de Blatter representa um grande impacto. “Temos de entender o gesto dele, agiu de acordo com os preceitos da Fifa’’, disse.

Del Nero garante que não deixará presidência da CBF por não ter sido denunciado Foto: Fabio Motta/Estadão

No fim da tarde a CBF divulgou nota oficial lacônica sobre a saída do suíço: “A CBF recebeu o anúncio da renúncia do presidente Joseph Blatter com surpresa. É uma decisão de caráter pessoal e que merece a nossa profunda compreensão.” No contato com a reportagem, Feldman ressaltou que a CBF continua voltada para trabalhar numa “agenda positiva’’ para o futebol brasileiro, e disse que a entidade está cumprindo sua parte diante das autoridades do País. O envio de documentos de contratos da entidade ao Ministério Público é exemplo disso, segundo ele. De acordo com o secretário-geral, Marco Polo não se deixará levar pelas pressões para que renuncie, porque não tem nada a temer. “Em relação ao Del Nero não existe nenhuma acusação. Não existe nada que justifique uma reação nesse sentido, não há motivo para isso (a renúncia). Teve a acusação contra o (José Maria) Marin. Nós o afastamos porque existiu a denúncia.’’ O fato, porém, é que Del Nero está buscando apoio entre os seus aliados para tentar se fortalecer. Ontem o dirigente se reuniu à tarde com presidentes de federações estaduais na sede da CBF - antes homenageou e almoçou com jogadores tricampeões do mundo em 1970. A reunião foi convocada sem alarde e, apesar de funcionários garantirem que todos os presidentes foram chamados, não foi o que ocorreu na prática. Francisco Novelletto, do Rio Grande do Sul, e Delfim de Pádua Peixoto Filho, de Santa Catarina, não estiveram no Rio e informaram que não sabiam do encontro.  No ano passado Novelletto chegou a articular sua candidatura à sucessão de José Maria Marin. Delfim é um dos atuais vice-presidentes da CBF e assumirá se Del Nero for afastado.

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