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Desafio tricolor

São Paulo começa o ano com vocação ofensiva. Mas leva muitos gols. Como equilibrar?

Por Antero Greco
Atualização:

O São Paulo das primeiras rouquidões de Rogério Ceni como técnico mostra como aspecto positivo a vocação para o gol. Não fica a enrolar, com toque pra cá e pra lá sem sentido, o antigo tico-tico no fubá à toa - o tiki-taka, para os moderninhos -, que servia só para levar o rival em banho-maria. A posse de bola tem o objetivo de envolver e chegar à finalização. A rapaziada tricolor cria várias chances; falta-lhe ajustar a mira na hora H.  Não é por acaso que, em seis jogos no Paulistão, marcou 17 vezes, ou seja, desfila o ataque mais eficiente. O Mirassol, em segundo, tem 13 gols. Os rivais tradicionais estão assim: Santos 12, Palmeiras 11 e Corinthians 7. Rogério colocou seus jogadores para a frente, e dessa maneira cumpriu promessa de campanha, tão logo foi escolhido para assumir o cargo, de moldar um esquema atrevido e insistente.  Se mantiver tal convicção, o novato treinador contribuirá de maneira valiosa na tentativa de resgatar uma característica bonita do futebol brasileiro e que andou adormecida por muito tempo. Gerações de professores vêm optando pela obsessão de não terem defesas vazadas. Muitos foram promovidos à condição de doutores honoris causa boleira porque as equipes que dirigem amam um ferrolho, retranca das bravas, ou “duas linhas de quatro”, para quem preferir termos da atualidade e com verniz de respaldo científico. (Para muitos, o velho joguinho de bola virou atividade de complicadas fórmulas matemáticas e intrincadas e afiadas estratégias. Sujeito comum tem até medo de assistir a uma partida e não entender patavina do que vê.) Em resumo, tem sido agradável ver o São Paulo em campo, ainda mais com a chegada de Pratto, contratação até agora recompensada com gols. Por tabela, a presença do argentino estimulou Chávez e Gilberto a capricharem no desempenho, o que tem criado dúvidas para Rogério. Ou melhor, ambos lhe proporcionam mais opções para mudar o time, conforme o momento. E a defesa?, pergunta o torcedor preocupado. O sistema defensivo vacila, não há como negar. Nas mesmas seis rodadas, foram 13 sofridos, só dois a menos que o Linense, o pior até agora da Série A-1. Por coincidência, ambos estão no Grupo B, o São Paulo na liderança e o time de Lins em 2.º. A retaguarda anda vulnerável, por diversos motivos, que vão desde falhas individuais de zagueiros e goleiros - e estas contam, e como! -, até avanços dos laterais e desajustes no meio. São comuns em que há pelotão na frente e buracos para o contragolpe inimigo.  O São Paulo arrisca-se, portanto. Por isso, sofre dois gols em média, levou empates inesperados e provocou calafrios. No entanto, em três ocasiões anulou desvantagem e venceu - foi assim contra Santos, Ponte Preta e São Bento. Há ajustes a fazer, e Rogério Ceni sabe disso. O período da temporada ainda é de experiências, observações, correções de rota. O desafio maior ocorrerá no Campeonato Brasileiro. Há temor de decepção no duelo com o PSTC, que parece nome de banco, de partido político, mas é tão somente o Paraná Soccer Technical Center, páreo desta noite na segunda fase da Copa Brasil. Em ida e volta, não seria insensato cravar São Paulo; como o regulamento prevê jogo único, não se pode descartar a hipótese de eliminação, que não virá se o ataque continuar a importunar. E se a defesa estiver um degrau acima; com moderação, sem exageros. Alerta alvinegro. O Corinthians tomou dose de autoconfiança ao bater o Palmeiras, uma semana atrás. Além disso, emenda série de quatro vitórias no Estadual. A tensão baixou para os lados de Fábio Carille, mas nesta noite topa com outro obstáculo, o Brusque, fora de casa, pela Copa do Brasil. Vale o raciocínio aplicado acima para o São Paulo.

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