Eliminada, Itália busca identificar o que deu errado

Desde os mundiais de 1962 e 1966, a seleção italiana não era eliminada duas vezes seguidas na primeira fase

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Por Redação
Atualização:

Balotelli

chegou ao

Mundial

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como um dos trunfos da

Itália

para ir longe e partiu nesta quarta-feira à tarde como o grande vilão da eliminação precoce. Ele foi bombardeado pela imprensa, criticado - de forma indireta, mas clara - por líderes do elenco como Buffon, Chiellini e De Rossi e, com todas as letras, pelo técnico Cesare Prandelli. Mas se em campo não conseguiu dar a resposta que queria aos ataques que recebeu, usou as redes sociais para se defender. E publicou um duro texto em sua conta no Instagram em que afirma que é criticado por não ser considerado italiano e ser negro.

Do outro lado, a acusação recorrente contra Balotelli é de falta de comprometimento nos jogos e treinos e de não ter espírito de grupo. Depois do jogo contra o Uruguai, sem citar nomes, o capitão Buffon deu uma estocada no atacante. "Dizem que eu, Chiellini, Barzagli e De Rossi estamos velhos, mas em campo somos sempre nós que damos a cara. Tem gente que se esforçava em campo, e gente que não se esforçava." De Rossi deu mais pistas sobre o descontentamento com Balotelli: "Para levantar a seleção precisaremos de homens de verdade, e não de personagens."

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Fora de campo, o centroavante do Milan é considerado egoísta por viver num mundo só seu, sem se preocupar em estreitar o relacionamento com os companheiros. Um exemplo é que terça-feira ele foi direto para o ônibus quando o jogo acabou, e ficou lá sozinho por 30 minutos ouvindo música até que foram chamá-lo para voltar ao vestiário porque Pirlo queria fazer um discurso de despedida (foi seu último jogo pela seleção) para todos os companheiros.

Balotelli disse em uma conta na rede social que irá torcer para o Brasil ser campeão Mundial Foto: Antonio Calanni/AP Photo

Buffon e Chiellini também se decepcionaram muito com o comportamento de Cassano (outro individualista), Cerci e Insigne (acham que agiram como turistas por saberem que tinham pouca chance de jogar).

A divisão entre veteranos e novatos mostra que Prandelli tinha perdido o controle do grupo. Mas não foi esse o seu único erro. Quando precisou mexer no time contra Costa Rica e Uruguai, ficou claro que se equivocou na escolha de alguns jogadores. Não havia um meia habilidoso no banco, que poderia ter sido Florenzi, da Roma. E também foi evidente que Cassano e Insigne não tinham força física para suportar os rigores do clima Brasileiro. Nesse caso, a imprensa italiana sustenta que Destro, também da Roma, teria sido mais útil por ser forte e goleador. Outro erro foi ter convocado apenas três laterais, todos destros. Sem um canhoto (Criscito e Pasqual eram as opções), a equipe nunca teve opção de jogadas de fundo por aquele lado.

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Também saltou aos olhos que a preparação física não era a ideal, embora antes e durante o Mundial o treinador tivesse apregoado que os jogadores chegavam em condições muito melhores em relação à Copa das Confederações. O fato é que o time foi atropelado por Costa Rica e Uruguai nesse aspecto, e a imagem desse fracasso foi a substituição de Immobile (que só tinha jogado 15 minutos contra a Inglaterra na estreia) por causa de cãibras contra os uruguaios.

Para a sucessão de Prandelli, que pediu demissão logo depois da partida, os dois nomes favoritos são Roberto Mancini (que já dirigiu Inter e Manchester City e acaba de deixar o Galatasaray) e Massimiliano Allegri, sem emprego desde que foi demitido do Milan no início do ano. Mas para aceitar o cargo ambos terão de reduzir bem o salário que estão acostumados a ganhar nos clubes, porque a Federação Italiana de Futebol não paga tão bem. Prandelli, por exemplo, ganhava por ano 1,5 milhão de euros (R$ 4,5 milhões) e mais 200 mil euros (R$ 600 mil) de direito de imagem.

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