PUBLICIDADE

Presidente da Fifa diz que salário oferecido a ele é 'insultante'

Bastidores mostram guerra interna, após gravação vazada, com auditor e brigas até por causa de lavanderia de hotel

Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

Gianni Infantino, o novo presidente da Fifa, ficou nervoso e teve uma briga com seus funcionários por ter sido cobrado por gastos de lavanderia em uma das viagens oficiais. Ele ainda afirmou ter ficado ofendido com o salário que lhe foi oferecido como chefe do futebol mundial, cerca de US$ 2 milhões (R$ 6,83 milhões) por ano. 

Em gravações obtidas pelo jornal suíço Tages Anzeiger de encontros confidenciais dos dirigentes da Fifa no dia 10 de maio, Infantino revela suas frustrações e manobra o afastamento de Domenico Scala, ex-auditor da entidade. 

Gianni Infantino foi eleitonovo presidente da Fifa em fevereiro de 2016 Foto: Peter Cziborra|Reuters

PUBLICIDADE

"Até agora, eu não tenho um contrato com a Fifa", disse o suíço, lembrando que não gostaria que o conteúdo do encontro "vazasse". "Eu não assinei o que me foi proposto. Eu não aceitei a proposta. Era uma proposta insultante, era menos da metade do que o presidente anterior estava ganhando no último ano. E vocês sabem o que ele (Joseph Blatter) ganhava era muito muito mais do que estava no último informe. Bastava ver os últimos dois informes da Fifa e ver que existe uma diferença de US$ 10 milhões (R$ 34,17 milhões) em salários e vocês podem imaginar para onde o dinheiro foi", alegou. 

Infantino também revelou que Scala havia apresentado uma queixa contra ele ao Comitê de Ética "dizendo que eu não tenho um salário e que estou buscando uma casa em Zurique e que, portanto, existe uma suspeita de corrupção ou lavagem de dinheiro". "Dizem que a casa é de US$ 25 milhões (R$ 85,44 milhões) e isso não faz sentido", atacou. "São denúncias infantis", declarou. 

O presidente também contou como teve uma briga com um funcionário da entidade. "Ele veio a mim dizendo que tenho algumas contas a pagar. Era lavanderia num hotel, com camisa, meias, cuecas. Claro, fiquei bravo, não respondi de uma maneira de Oxford e pedi desculpas. Eu disse que pagaria. Mas essa pessoa informou à Scala, que levou ao Comitê de Ética. Dizem que no contrato que eu ainda não assinei que eu não tenho direito a despesas", explicou.

Infantino também avisou aos demais cartolas que o vazamento de informações tem como meta "impedir que a Fifa tenha sucesso". O presidente ganhou o interesse de quase todos os membros da cúpula e, naquela reunião, foi informado de que haveria uma tentativa de afastar Scala da Fifa. O auditor acabou pedindo sua renúncia, justificando que não tinha mais independência para agir.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.