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Em grave crise, Portuguesa terá o estádio do Canindé leiloado em novembro

Lance inicial será de R$ 154 milhões e se refere a 45% do terreno

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Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

As dívidas trabalhistas que a Portuguesa vem acumulando nas últimas décadas podem fazer com que o clube perca seu patrimônio. Os 45% da área de 110 mil metros quadrados que pertencem à Lusa na região do Canindé vão a leilão no dia 7 de novembro para quitar impostos e pendências da Justiça do Trabalho - os outros 55% são da Prefeitura de São Paulo. O departamento jurídico do clube está analisando o processo da 10.ª Vara Cível do Foro Central da Capital e vai tentar pedir a impugnação do leilão.  Os detalhes do processo podem ser consultados no site Mega Leilões, que vai receber os lances a partir das 15 horas do dia 7 de novembro até o mesmo horário do dia 9. O lance inicial é de R$ 154.296.529,68. O imóvel está sob a matrícula nº 90.674 do 5.º Registro de Imóveis de São Paulo.  A área leiloada compreende 42.350 mil metros quadrados e abrange a parte social (piscinas e ginásio), estacionamento, prédio administrativo e parte da arquibancada do estádio - essas áreas estarão abertas aos interessados no leilão. A Prefeitura é proprietária de parte das arquibancadas, campo de areia e das quadras poliesportivas. 

Canindé é o estádio da Portuguesa Foto: Divulgação

A ação original, de 2002, foi aberta pelo ex-jogador Tiago de Moraes Barcellos e julgada na 59.ª Vara do Trabalho da Capital. A Portuguesa só saldou metade da dívida após o acordo, firmado seis anos depois. Com isso, a disputa voltou à vara de origem. De acordo com a ação, o valor da dívida é de R$ 47.325.886, 60. A penhora do terreno foi determinada pelo juiz Maurício Marchetti que reuniu oito processos em uma única ação trabalhista.  Também são credores ex-jogadores do clube, entre eles, o zagueiro Rogério Pinheiro, que também teve passagem pelo São Paulo, e o atacante Ricardo Oliveira, hoje no Santos. Por meio de sua assessoria, o jogador afirmou que não iria se manifestar sobre a ação.  O processo cita ainda débitos da Dívida Ativa no valor de R$ 14.253.442,67 e dívidas do IPTU para o exercício de 2005 e de 2012 até o exercício atual.

INVESTIDOR ara saldar as dívidas trabalhistas, a intenção da Portuguesa era atrair um investidor para um grande projeto de modernização na região do Canindé. O investidor pagaria a dívida e adquiriria também a área da Prefeitura, encerrando a divisão.  O projeto imobiliário reduziria a capacidade de 27 mil para 15 mil pessoas e exploraria comercialmente o terreno. Seriam erguidos um conjunto residencial, um hotel ou um centro de comercial.  No final do ano passado, um grupo de investidores norte-americanos diminuiu o passo das negociações depois da perda do grau de investimento do Brasil na classificação de crédito da Standard and Poor’s. Decidiram esperar alguns sinais de recuperação da economia brasileira antes de assinar a papelada.  O Canindé ficou grande demais para a Portuguesa. Construído quando o clube tinha mais de 100 mil sócios - hoje são pouco mais de três mil -, as instalações são subutilizadas e o custo de manutenção é muito alto. A diretoria calcula que o rombo mensal é da ordem de R$ 200 mil.  A determinação da Justiça pegou os diretores da Portuguesa de surpresa. Fontes ligadas à diretoria estranharam a velocidade de tramitação do processo. Eles esperavam ter mais tempo para concretizar o acordo com os investidores.  O principal chamariz do campo da Portuguesa para a exploração comercial é a localização. Ele está ao lado da Marginal do Tietê, uma das principais vias de São Paulo, próximo ao Terminal Rodoviário Tietê, o maior da América Latina, e das estações de metrô Armênia e Tietê e até do aeroporto Campo de Marte. Além disso, o estádio possui ligação fácil com o aeroporto de Cumbica, e o entorno conta com ampla rede hoteleira, além de hospitais e três shopping centers.CREDORES - Tiago de Moraes Barcelos R$ 47.325.886,60 - Marcus Vinicius Ozias R$ 20.231.764,51 - Rogério Pinheiro dos Santos R$ 10.742.602,54 - Carlos Alberto Duque R$ 6.976.424,91 - Ricardo Oliveira R$ 782.597,68 - Rafale Monteiro R$ 610.208,89 - Danilo Almeida Alves R$ 32.249,52  - Dívida Ativa R$ 14.253.442,67 - IPTU R$ 14.924.200,40REBAIXAMENTO O risco de perder o estádio se soma à crise do time dentro de campo. A equipe corre sério risco de rebaixamento para a Série D do Campeonato Brasileiro. Faltando duas rodadas, a Portuguesa precisa vencer seus jogos e torcer por derrotas do Macaé. Pode ser o quinto rebaixamento nos últimos cinco anos. 

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