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Ex-funcionário da Conmebol denuncia propina do Japão a Leoz por sede de 2002

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Por Redação
Atualização:

O Japão pagou US$ 1,5 milhão para que os países sul-americanos votassem para que o Mundial de 2002 ocorresse no país asiático - organizou junto com a Coreia do Sul. Mas o dinheiro jamais entrou na conta das federações e foi desviado pelo então presidente da Conmebol, o paraguaio Nicolás Leoz, que o repartiu entre seus assessores mais próximos.A denúncia foi publicada nesta sexta-feira pelo jornal espanhol AS a partir de um ex-funcionário da Conmebol, que pede anonimato por temor de ser perseguido. Segundo a fonte, ele teve de sair do Paraguai temendo por sua vida e de sua família e hoje vive na Espanha.Seu testemunho revela desvios milionários de dinheiro para as contas pessoais de Leoz, hoje em prisão domiciliar e aguardando extradição aos Estados Unidos. Segundo o delator, suas contas se confundiam com a da instituição sul-americana, com sede em Assunção e que até pouco tempo tinha imunidade diplomática.Em seu relato, o delator que trabalhou por uma década e meia na Conmebol conta como transferências de todo o mundo chegavam até as contas de Leoz em Assunção, no Brasil, Estados Unidos e no Panamá. "Às vezes, para maquiar as operações, usavam laranjas e alguns de seus familiares", disse. Uma delas era a esposa de Leoz, María Clemência.Uma das denúncias se refere a um valor de US$ 1,5 milhão enviado pelos organizadores japoneses para que a Conmebol distribuísse aos cartolas da região por seu apoio ao país na sede de 2002. O dinheiro teria sido enviado na época pelo presidente da Federação Japonesa, Ken Naganuma, já falecido. Mas esse dinheiro se distribuiu de outra forma: US$ 1,2 milhão para a conta de Leoz, US$ 200 mil para seu secretário-geral, Eduardo de Luca, e US$ 100 mil para Zorana Dannis, que fazia a ligação com a Fifa.No caso de Leoz, o dinheiro foi depositado em sua conta pessoal 1596/2 da agência do Banco do Brasil de Assunção. Outros valores foram para o Northern Trust International Bank, de Nova Iorque e o Citibank em New Jersey. Segundo o delator, essa teria sido "uma das operações". "Mas outras mais ocorreram, nem todas passaram por mim", explicou. "Essas eram práticas habituais e seguidas".MEDO - O ex-funcionário acredita que, depois das prisões, chegou a vez de ele contar sua história. "Carreguei isso por muito tempo", disse. "Deixei o Paraguai preocupado", contou. "Quando eu queria parar de fazer o trabalho que eles me pediam, dos subornos, o problema começou", disse. "Eles passaram a me observar, carros sem placas me seguiam e meu telefone tocava", insistiu.O delator conta que, mesmo quando já estava fora do Paraguai, tiros foram disparados contra sua casa. Sua fuga ocorreu depois que foi orientado por um senador. Para ele, a sede da Conmebol, com imunidade diplomática, "era o lugar mais seguro do Paraguai". "Mas trabalhar dentro dela significava riscos".

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