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Ex-jogadores querem técnico globalizado na seleção brasileira

Perfil do novo comandante deve ser de profissional com potencial de liderança e atualizado com o estilo de jogo praticado na Europa

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Por Ciro Campos e Paulo Favero
Atualização:

O próximo técnico da seleção brasileira precisa ser um estudioso e conhecer bem o futebol disputado em outros países e estar atualizado com o desempenho de todos os atletas nacionais ao redor do mundo. Pelo menos é isso o que pensam alguns especialistas ouvidos pelo Estado.

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Uma das prioridades é o acompanhamento detalhado de como o futebol é jogado nos outros continentes, principalmente na Europa. Essa observação ajudaria a adotar padrões de jogo e até a evitar surpresas em possíveis confrontos contra as principais potências.

O ex-meia Zico, por exemplo, acredita que o próximo comandante precisa ter um amplo conhecimento de futebol. "O mais importante é isso. O treinador tem de estar atualizado com o que acontece no mundo inteiro e ter um bom conhecimento de todos os jogadores brasileiros, além de perceber as qualidades do futebol praticado por cada um", diz.

Zico descarta a possibilidade de assumir a seleção Foto: Marcos de Paula/Estadão

Para ele, a CBF deveria convidar para o cargo o técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, que por pouco não assumiu a missão em 2010, depois da Copa do Mundo. "Eu particularmente gosto dele e queria vê-lo na seleção. Foi um dos maiores vencedores no País nos últimos anos. Alguém tem de fazer com que o Brasil volte às suas características", continua Zico.

O ídolo do Flamengo foi auxiliar técnico de Zagallo na Copa de 1998, mas garante ainda que não está de olho no valioso cargo. "Não tem a menor chance de eu ser técnico da seleção. Para mim, o treinador tem de trabalhar no Brasil."

Já Clodoaldo, campeão do mundo em 1970, o novo técnico terá de ser alguém com visão de empreendedor. Para o ex-jogador, é preciso ter um profissional com as capacidades de planejamento e liderança na equipe, mas ele coloca ainda que a experiência é de suma importância.

"Quero ver algum treinador vencedor no comando. É obrigatório ter bagagem e história vitoriosa em grandes clubes, caso contrário, seria um grande risco", explica.

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Clodoaldo evita citar nomes, mas destaca o trabalho de Tite, no Corinthians, como exemplar para credenciar alguém a ocupar o cargo. O que pesa a favor do treinador é que ele está sem clube no momento. 

O ex-jogador também mostra-se favorável a buscar talentos fora do País. "Conhecimento no futebol internacional é imprescindível. Por isso, não podemos deixar de lado a ideia de vir algum estrangeiro para treinar o Brasil. Não vejo mal nenhum nisso e temos grandes nomes na Europa que poderiam assumir o posto", afirma.

A vinda de um profissional de outro país é a grande dúvida do momento atual da equipe. Pela tradição nacional, tal plano seria inédito na história centenária da seleção brasileira e, por isso, encontra resistência. A CBF já recusou a ideia em oportunidades anteriores e embora cogite a possibilidade atualmente, ela não agradaria a todos.

Em uma única vez na história a seleção não teve um comandante brasileiro. Foi em 1965, no amistoso de inauguração do Mineirão, quando a equipe do Palmeiras representou o Brasil no amistoso contra o Uruguai. O técnico do time na ocasião era o argentino Filpo Nuñez.

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Mas mesmo entre os ex-jogadores, existe uma restrição a importar técnicos para a seleção. "O primeiro requisito para treinar o Brasil é ser brasileiro. Ganhamos cinco títulos mundiais com técnicos brasileiros e não é agora que vai mudar", avisa Dadá Maravilha, atacante que disputou a Copa de 1970.

Ele afirma que o cargo de técnico tem uma pressão muito grande para um estrangeiro e o ideal é dar a chance para alguém mais novo e que não seja nascido nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. 

O favorito de Dadá é o técnico Marcelo Oliveira, mineiro e campeão brasileiro pelo Cruzeiro no ano passado. "Precisamos de algum comandante mais jovem, que queira ganhar projeção e, principalmente, humilde, que não queira mandar em tudo, nem aparecer mais do que o resto do elenco", explica.

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Conhecido pelo jeito irreverente, Dadá espera que na nova seleção brasileira também exista espaço para um ambiente mais descontraído. Na opinião dele, o novo técnico não precisa ter o perfil disciplinador de Felipão. "A gente viu na Copa um Brasil muito blindado e isolado de tudo, enquanto a Alemanha dançava com os índios, brincava na praia e fazia piada. No final, todos viram quem terminou como campeão", conta.

VARIEDADE

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O ex-zagueiro Ronaldão, por sua vez, não quer se meter muito na decisão da CBF. Ele vê o Brasil com grandes nomes, que poderiam exercer o cargo com facilidade. "Tem o Tite, o Muricy e o Zico, que tem uma bela história com a seleção. São muitos nomes capazes, então vamos deixar a cúpula da CBF decidir o que é melhor", diz.

Campeão do mundo na Copa de 1994, Ronaldão já teve a experiência de trabalhar com técnico estrangeiro, mas acha que o ideal seria usar um técnico nacional. "O sistema de trabalho dos estrangeiros é bem diferente. Já trabalhei no Japão com treinador assim e no próprio São Paulo, com o (uruguaio Pablo) Forlán. Não tenho nada contra, mas acho que na seleção é preciso ter treinador brasileiro, pois ele já conhece o País", lembra.

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