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Ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol é preso

Onaireves Rolim de Moura é acusado de ter criado um esquema para desviar dinheiro da FPF

Por Evandro Fadel
Atualização:

O ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Onaireves Rolim de Moura, de 60 anos, sete ex-dirigentes e funcionários da entidade e um empresário foram presos nesta terça-feira pela Polícia Civil, sob acusação de usar a FPF para desvio de dinheiro, fraude processual, estelionato e apropriação indébita. Estima-se que o valor desviado ultrapasse R$ 5 milhões. De acordo com a polícia, Moura estaria criando uma igreja, que se chamaria Rede de Deus, em Camboriú (SC), com o intuito de "lavar" o dinheiro.   As investigações começaram em junho, quando Moura e quatro ex-funcionários da FPF, também presos agora, foram suspensos temporariamente das atividades do futebol por decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), sob acusações semelhantes. Segundo a polícia, como a federação tinha várias ações trabalhistas e tributárias, todo recolhimento estava penhorado. Por isso, sob inspiração do ex-presidente da federação, teria sido criada a Comissão Fiscalizadora de Arrecadação (Comfiar) em 2005, uma empresa que recebia parte dos recursos.   De acordo com o delegado do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), Sérgio Sirino, 10% das arrecadações de jogos do Campeonato Paranaense deveriam ir para a FPF, mas ela recebia somente a metade. "Cinco por cento ia para a Comfiar, que é de onde seria desviado", afirmou. Em relação aos jogos do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, dos 5% destinados à federação, metade também ia para a Comfiar. "É fraude processual, o esquema foi criado para burlar o confisco das verbas", disse o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.   A polícia apurou também que a FPF teria criado o Colégio Técnico de Futebol do Pinheirão, na conta do qual há "depósitos suspeitos". O colégio estaria registrado no nome de Vanderlei Manoel Ignácio, de 45 anos, que também teria emprestado o nome para ser sócio de Moura na empresa Top Avestruz. A Top Avestruz foi fechada depois de ação civil pública. Porteiro da federação, Ignácio foi preso, mas não havia constituído advogado.   O arrendamento do estacionamento do Pinheirão para uma feira de automóveis à empresa MPT3, de Roberto Tiboni, 54 anos, também é investigado. Segundo Sirino, o contrato é de R$ 130 mil por ano mais 50% da arrecadação das vendas. A suspeita é de que nem todo o valor entrava nos cofres. O advogado de Tiboni, Rogério Bueno, disse que seu cliente fazia o pagamento de forma correta. "Está tudo escriturado", afirmou. "Mas, a partir do momento em que pagava, ele não tinha mais controle."   Segundo o delegado do Nurce, a Federação das Associações dos Atletas Profissionais (Faap) foi uma das vítimas. Ela tem direito a 1% das arrecadações, mas está com dívida de quase R$ 1,2 milhão. Moura, que foi condenado e preso em 2000, por sonegação contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e também ficou preso no ano passado sob acusação de sonegação em uma casa de bingo, ainda não tinha constituído advogado para este novo caso.   O ex-presidente do Conselho Fiscal da FPF, Carlos Roberto de Oliveira, 62 anos; o ex-auxiliar do Departamento Financeiro da entidade, Marco Aurélio Rodrigues, 37 anos; e o ex-tesoureiro Laércio Polanski, 47 anos, são defendidos pelo advogado Vinícius Gasparini. "A prisão é provisória e eles devem esclarecer eventuais irregularidades", disse.   Também advogado da FPF, Gasparini garantiu que, desde que se afastou da presidência da entidade, em 25 de maio deste ano, após 22 anos no cargo, Moura não tem mais influência interna. Os outros presos são o ex-diretor financeiro da FPF e presidente da Comfiar, Cirus Itiberê da Cunha, 57 anos; o ex-diretor administrativo da federação, José Johelson Pissaia, 59 anos; e o ex-fiscal suplente da Comfiar, César Alberto Teixeira de Oliveira, de 43 anos. Os advogados não foram identificados.   Atualizado às 16h25 para acréscimo de informação.

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