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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Expectativa e prevenção

Há nova geração de técnicos a despontar. Tomara sejam recebidos com boa vontade

Por Antero Greco
Atualização:

Para quem gosta de ação – a maioria dos torcedores – esta é a fase mais maçante da temporada no futebol. As atividades dos clubes se restringem a treinos iniciais, muita especulação, algumas contratações. E bastante papo furado. Ainda bem que, enquanto a bola não rola por aqui, há a Copa São Paulo, com o aperitivo da garotada, e os campeonatos internacionais para compensarem a abstinência de gols. 

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A época é adequada também para elucubrações aos montes. Público e mídia se debruçam sobre o noticiário enxuto dos times e, a partir do esboço dos elencos, montam teorias a respeito do que o ano promete para cada um. Inevitável que sobressaiam expectativas e prevenções, baseadas em fatos, retrospectos e – por que não? – até em preferências pessoais.

Pegue-se dois exemplos locais que têm provocado posturas distintas: Rogério Ceni e Eduardo Baptista, respectivamente técnicos do São Paulo e do Palmeiras. O primeiro é neófito na função, engatinha em território fértil e escorregadio. O outro é jovem com currículo ainda modesto e que se depara com a grande chance de saltar para a linha de frente dos professores.

O normal seria dar-lhes tempo para mostrarem do que são capazes, sem prejulgamentos nem ansiedade desmedida. No entanto, não é o que pinta. Cá e lá se percebem simpatias e restrições de antemão. Não por clubismo, tampouco bairrismo ou outros ismos do gênero. Mas por nome, o de Rogério mais forte do que o de Eduardo. 

O ex-goleiro teve carreira brilhante como jogador e encabeça lista dos maiores ídolos tricolores. Com méritos. Raros os profissionais que constroem trajetória numa única agremiação, e com o nível de qualidade dele. Merece reverência eterna no Morumbi. Eduardo apareceu pelas mãos do pai, Nelsinho (ex-astro de Ponte, Santos e São Paulo), de quem foi auxiliar, como preparador físico, até encorajar-se a voos solos como treinador. O Sport de 2015 é sua carta de apresentação.

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A largada do trabalho de Rogério suscita elogios, seja pelo jeito participativo, ou pela dinâmica dos exercícios, pela clareza nas entrevistas e propostas táticas – por ora no papel. Aplaude-se o fato de ter chamado um francês e um inglês para comporem a comissão. Torna-se evidente, em Rogério, o perfil de manager e cartola que se delineou nos gramados desde muito tempo atrás. Fazem-se projeções otimistas, e assim é justo. Bom apostar em renovação de conceitos e de mentalidade. É da vida.

Com Eduardo... bem, com Eduardo não faltam caretas, narizes torcidos, pés atrás. Não foi um, nem foram só dois que têm destilado pitadas de desconfiança. O receio preliminar é de que não suporte a pressão de comandar grupo de alto nível e sucumba às exigências dos palmeirenses, que cantam, vibram e cornetam como poucos. Há dúvida sobre o repertório do moço, e para tanto vem à tona a passagem breve e apagada pelo Fluminense. Em uma frase: não estaria à altura de topar com o desafio verde. Será? Por que não aguardar a prática, sem ideias preconcebidas? Por que não dar-lhe o benefício do crédito de confiança? Por que vaticinar antes do tempo? Ah, mas Eduardo não tem títulos! E daí? Não houve um momento, na vida de Brandão, Felipão, Tite, Luxemburgo, Mano e dezenas de outros no qual alguém, em clube grande, decidiu investir em jovens treinadores em busca de afirmação? Ou todos eram campeões?

Torço para Rogério Ceni, Eduardo, Carille (Corinthians), Roger (Atlético), Jair Ventura (Botafogo) se firmarem, mesmo com eventuais tropeços e demissões. Os figurões com pique têm espaço, e isso é bom, pois não se despreza o valor da experiência. Outros aos poucos saem de cena, sucedidos por novatos. Que estes sejam recebidos com carinho, paciência e sem discriminação.

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