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Fifa vai investir US$ 4 bi em dez anos para elevar qualidade da "periferia"

Infantino acredita que pode melhorar o nível de seleções menores

Por Jamil Chade
Atualização:

A Fifa espera incrementar qualidade da "periferia do futebol" até 2026, distribuindo US$ 4 bilhões (R$ 12,7 bilhões) pelo mundo nos próximos dez anos para ajudar a transformar a realidade do esporte em novas regiões. Uma das principais críticas ao plano de 48 seleções num Mundial é o fato de que poderia gerar partidas com qualidade reduzida no torneio e entre times sem qualquer tradição. Mas a entidade quer mudar essa realidade e "fortalecer" o esporte. O valor representaria uma multiplicação por quatro dos valores até agora distribuídos às federações nacionais. 

Nos primeiros quatro anos do plano, cada país receberá pelo menos US$ 1,5 milhão (R$ 4,7 milhões), contra um valor que não passava de US$ 400 mil (R$ 1,2 milhão) na Era Blatter. Por ano, o dinheiro ainda representa o desembarque de pelo menos US$ 100 milhões (R$ 319 milhões) diretamente nas contas das federações nacionais, sob a justificativa de ajudar a "profissionalizar a administração". O resto iria para a construção de centros de treinamento e torneios. 

Gianni Infantino, presidente da Fifa Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

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Nos estudos internos da Fifa, a entidade admitiu que a "qualidade absoluta" seria atingida com uma Copa de 32 times, e não 48.  Mas o presidente da Fifa, Gianni Infantino, acredita que o anúncio dez anos antes da expansão pode levar países a apostar no futebol, tendo em vista a possibilidade real de se classificar. A entidade usa como exemplo o que ocorreu na Eurocopa de 2016, que pela primeira vez teve 24 seleções, e não apenas 16.  A expansão já havia sido anunciada em 2008 e, a partir daquele momento, países menores passaram a investir, entre eles a Islândia, País de Gales, Irlanda do Norte e Hungria. Quando o torneio ocorreu em 2016, essas seleções acabaram tendo resultados positivos. Agora, a Fifa estima que o mesmo pode ocorrer na Ásia, África e América Central. No continente africano, a Copa de 2026 terá 9,5 seleções, contra 8,5 da Ásia. Isso significa que times como o Omã, Etiópia ou Jordânia teriam chances de se classificar.  Outra constatação da entidade é de que, no total, as Eliminatórias vão mobilizar cerca de cem seleções pelo mundo com reais chances de estar entre os 48 classificados. O que muitos ainda temem é que a expansão possa gerar situações embaraçosas como as goleadas sofridas pelo Taiti na Copa das Confederações de 2013, no Brasil. Mas quem apoia a expansão insiste que as expansões das Copas sempre tiveram, em um primeiro momento, goleadas. Mas foi a participação de uma nova região nos Mundiais que permitiu o desenvolvimento do futebol. 

Em 1982, por exemplo, a Hungria fez 10 x 1 no fraco time de El Salvador. Numa outra edição que representou uma expansão - a de 1954 - os mesmos placares foram registrados. A Coreia do Sul levou 9 gols da Hungria e outros 7 da Turquia. Nos anos 70, quando a Fifa abriu as portas da Copa para novos africanos, a Iugoslávia fez 9 x 0 no Zaire. Naquele mesmo ano, a Polônia fez 7 x 0 no Haiti. Um dos desafios, porém, será o de garantir que o dinheiro enviado de fato seja usado para o esporte. A Fifa, assim, promete auditorias e cobranças sobre o modo de aplicação dos recursos. 

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