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Final da Copa: palco de políticos de todas as tendências

Sala VIP do Estádio de Berlim recebeu desde prresidentes de países até o chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone

Por Agencia Estado
Atualização:

Na sala VIP do Estádio de Berlim, uma falsa aparência de diplomacia reinava entre os convidados, presidentes, políticos e autoridades que assistiam à final da Copa do Mundo. O Portal do Estadão teve acesso ao local durante a partida e pôde ver como apenas o futebol tem a capacidade para colocar em uma mesma sala ex-inimigos políticos e mesmo atuais rivais. Alguns deles, como o derrotado presidente francês, Jacques Chirac, e o vitorioso presidente italiano Giorgio Napolitano, tiveram até de trocar apertos de mão, apesar da conhecidas desavenças entre os dois. Na sala relativamente pequena, mas extremamente luxuosa do estádio, desfilavam personalidades como o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a primeira-ministra na Alemanha, Ângela Merkel, o presidente alemão, Horst Koehler, o chanceler austríaco Wolfgang Schussel, e o ex- presidente americano, Bill Clinton. O promotor da Fórmula 1, Bernie Eccleston, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge e ex-astros do futebol também compunham a cena, além da realeza mundial, com representantes como o príncipe Alberto de Mônaco e xeiques árabes. Não faltaram os eternos cartolas do futebol na sala, como o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, seu ex-sogro João Havelange. No intervalo, Teixeira falava ao pé do ouvido de Julio Grondona, presidente da Federação Argentina de Futebol e um dos vice-presidentes da Fifa. Questionado pelo Portal do Estadão sobre a Copa do Mundo no Brasil em 2014 e sobre o novo técnico da seleção, Teixeira se recusou a dar declarações. Enquanto isso, Joseph Blatter, presidente da Fifa, posava como anfitrião de um dos únicos eventos mundiais quer permitem tais encontros inusitados. Não faltaram no estádio autoridades brasileiras como o ministro do Desenvolvimento, Luis Fernando Furlan, e o ex- ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Mas apesar de todo o cuidado da Fifa, situações constrangedoras não puderam ser evitadas. O ex-secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, foi colocado para sentar a poucos metros do presidente sul-africano Thabo Mbeki. Kissinger, um amante declarado do futebol, é acusado de ter apoiado o regime do Apartheid na África do Sul nos anos 70. Já Mbeki foi uma das lideranças perseguidas e até presas durante o regime racista em seu próprio país. Chirac, que no início das festividades distribuía sorrisos, terminou a partida visivelmente nervoso e quase afundado em sua poltrona ao lado de sua mulher. Além de ter de reconhecer a vitória de seu rival político na Europa, o francês teve de dividir as atenções da imprensa francesa com a favorita nas pesquisas para as eleições presidenciais na França no ano que vem, Segonele Royal, que também foi à Berlim. Mais tarde, voltou a distribuir diplomacia e disse que estava "feliz" pela campanha francesa no Mundial. Chirac, assim como fez em 1998, certamente usaria uma eventual conquista da França para exaltar mais uma vez o multiculturalismo e a unidade do país. As autoridades italianas, diante de uma crise econômica e de confiança no país, não deve perder a oportunidade para dar novo ímpeto à situação quase desesperadora de falta de crescimento. Já a Fifa se apresenta mais uma vez na posição de neutralidade política, ainda que para seus críticos, não passe de uma cúmplice e palanque da luta pelo poder nas várias esferas sociais.

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