Caro amigo, já se deu conta de que a seleção está reunida para outra competição? Pois é, não fossem os relatos dos colegas da imprensa enviados para Los Angeles, poucos notariam que Dunga, colaboradores e talentosos jogadores se preparam para nova disputa da Copa América. Estão nos EUA desde segunda-feira e saem de lá no fim de junho, se o time avançar.
Sim senhor, logo mais começa o tradicional torneio de que participam, sempre e há muito tempo, os dez países da parte de baixo do continente e agora, também, convidados do Centro e do Norte. A edição extra, um ano depois daquela organizada e vencida pelo Chile, vem para celebrar o centenário do evento. Grande chance para federações faturarem troco adicional e reforçarem o caixa.
Se bem que ela provocou dor de cabeça em muita gente. Por causa de irregularidades nas negociações de direitos, o FBI mandou figurões para o xadrez e fez estrago danado na Fifa. Só para lembrar, sobrou até para José Maria Marin, ex da CBF confinado há meses no Tio Sam à espera de sentença. E, de quebra, desencadeou pavor insuperável no sucessor, Marco Polo Del Nero, de sair do Brasil. Desta vez, as honras da casa serão feitas pelo coronel Nunes, sempre a postos pelos amigos.
O campeonato tem pouca serventia, para não dizer que serve para coisa nenhuma. No caso brasileiro, nem para afinar estratégia tática para a sequência das Eliminatórias para o Mundial da Rússia. Fosse para levar a sério a chance de ter a turma à disposição, Dunga jamais abriria mão de Neymar. Onde se viu, dispensar o astro da companhia, só para liberá-lo para os Jogos?
Não adianta ficar com um olho no gato e outro na frigideira. O que importa mais para resgatar a autoestima da bola pátria? Suponho que, para o torcedor médio, seja a volta por cima na Copa de 18, quem sabe o título, para apagar o vexame dos 7 a 1 em casa. Medalha de ouro no Rio tanto faz se vem; não existe projeto de equipe olímpica. Quer prova de papo furado? Falar que, no elenco reunido em LA, há “sete jogadores com idade olímpica”. E daí?
A coisa certa é separar time principal de olímpico. O primeiro merece ter, sempre, os melhores, desde que em boas condições. Nele se concentram os olhos do mundo. O outro representa fenômeno que se repete a cada quatro anos, e muito discutível. Pegue-se a meninada até 20 anos, de preferência jovens em busca de espaço nos clubes, e põe para treinar para Olimpíada. O que marca mais: ganhar ouro nos Jogos ou tomar surra em Mundial? Perder o ouro ou ser campeão do mundo?
Como a esculhambação não tem limite, diversas equipes domésticas ficarão desfalcadas de peças importantes, sem que a Série A interrompa atividades. Pode ser que para os moços convocados – e respectivos empresários –, a oportunidade de valorização seja esplêndida. O mercado europeu abre daqui a alguns dias e profissional com lastro na seleção vale mais. Para os que já atuam no Exterior, este período representa entrave nas férias.
E para o torcedor? Ora, o torcedor. Esse serve só como massa de manobra. Vai sofrer pelo time do coração, ao mesmo tempo em que haverá o bombardeio da propaganda: “Brasil, sil, sil, sil!” Ora a seleção...
Bola a rolar. Vamos ao que interessa: entre hoje e amanhã, haverá a terceira rodada do Brasileirão. No olhar paulista, foco em Palmeiras e Corinthians, que tropeçaram no fim de semana. Os alviverdes entram em campo, na noite desta quarta-feira, com a obrigação de baterem no Fluminense. Não significa que obterão êxito, mas que se preparem para a cobrança, pois o desempenho em Campinas decepcionou. Cuca de novo mexerá na escalação.
O Corinthians joga amanhã pela manhã, para aproveitar o feriado. E Tite também decidiu mexer, depois dos 3 a 2 para o Vitória. Sai André, entra Luciano. (Fora os desfalques de Elias e Balbuena, com seleções.) Fato óbvio: o campeão brasileiro carece de um centroavante confiável.