Futebol de Santa Catarina vive o seu auge e vira exemplo nacional

Figueirense, Avaí, Chapecoense e Joinville estarão na Primeira Divisão do próximo ano, algo inédito na história do futebol catarinense

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Por Raphael Ramos

Caso o Palmeiras seja rebaixado, Santa Catarina pode se transformar, junto com São Paulo, no Estado com o maior número de representantes na Série A do Campeonato Brasileiro de 2015. Mas, independentemente do resultado do jogo no Allianz Parque, Figueirense, Avaí, Chapecoense e Joinville estarão na Primeira Divisão do próximo ano, algo inédito na história do futebol catarinense. E o número de equipes do Estado poderia ser ainda maior se o Criciúma não fosse rebaixado.

Os catarinenses estão à frente de Rio, Minas e Rio Grande do Sul, grandes centros do esporte no País, apesar de não contarem com os mesmos recursos financeiros das equipes desses Estados. O Figueirense, por exemplo, é quem tem a maior cota de TV em Santa Catarina e recebe cerca de R$ 20 milhões por ano, bem abaixo dos R$ 45 milhões do Botafogo, já rebaixado. O mesmo vale para contrato de patrocínio. A Caixa Econômica Federal paga R$ 4,5 milhões por temporada para o Figueirense enquanto o Vitória, que não depende mais de suas forças para continuar na Série A, recebe R$ 6 milhões do banco.

Ainda que as equipes do Estado não exerçam papel de protagonista no Brasileiro, o sucesso dos catarinenses tem chamado a atenção, sobretudo pelo modelo de gestão. A receita dos dirigentes catarinenses tem sido apostar, cada um à sua maneira, no planejamento a médio e longo prazo a fim de minimizar os erros para, assim, desbancar cartolas que, mesmo com orçamentos milionários, costumam acumular mais fracassos do que sucesso nas contratações.

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O fato de ter feito carreira no Internacional e até hoje morar em Porto Alegre faz com que muitos acreditem que o ex-jogador Falcão seja gaúcho. O craque da seleção de 1982, no entanto, é catarinense, nascido na pequena Abelardo Luz, e enche a boca quando fala sobre o bom momento dos times do seu Estado natal. “Santa Catarina dá uma lição em outros centros muito maiores. Mostra que, com competência, é possível formar bons times e isso serve de exemplo. Apesar de no fator econômico o Estado estar em desvantagem, com criatividade os clubes estão fazendo coisas importantes no futebol nacional”, diz.

O técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, é outro que rasga elogios aos catarinenses. Ele trabalhou em 2002 no Figueirense e destaca a evolução dos clubes do Estado na última década. “No futebol, como em qualquer empresa, se você não se organizar você não tem a mínima chance, ainda mais em campeonato de pontos corridos. Santa Catarina está de parabéns pela sua organização. Estivemos em Chapecó e vimos o trabalho que eles estão fazendo lá. É claro que o time brigou para não cair, mas é organizado, tem boa estrutura e paga em dia. Eu torci para a Chapecoense continuar na Série A porque times que são assim têm de ficar na Primeira Divisão. O Joinville também é muito bem organizado.”

Para o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Pádua Peixoto Filho, o bom momento do futebol do Estado é reflexo da profissionalização dos clubes, ocorrida na última década. “Os clubes acordaram e deixaram de ser amadores. Mas isso não aconteceu de uma hora para hora. É fruto de um trabalho de muitos anos. Lembro que reuni os presidentes dos clubes e disse: 'vamos acabar com esse negócio de contratar jogador em fim de carreira porque isso não leva a lugar nenhum. Vamos investir na base e construir centros de treinamento'. Agora, os resultados estão aí”, conta.

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Empolgado, o dirigente já projeta que num futuro próximo uma equipe do Estado vai ser campeã da Série A. “Santa Catarina é um Estado diferenciado. A força econômica e do futebol não está apenas na capital. Há cinco anos, quando eu dizia que iríamos ter quatro clubes na Série A, me chamavam de doido. Agora digo que um dia seremos campeões.”