EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

(Viramundo) Esportes daqui e dali

Futebol é assim

PUBLICIDADE

Por Antero Greco
Atualização:

O Audax chega à final do Paulista, o Leicester ganha o título inglês pela primeira vez em mais de 130 anos de existência, o Atlético de Madrid manda para o espaço o sonho do Bayern de Munique de ir para a decisão da Liga dos Campeões. Três exemplos, apenas - há muitos outros por aí -, de times que correram por fora e atropelaram na reta de chegada. Estaria o mundo da bola de cabeça para baixo, com a negação da lógica e do favoritismo?

PUBLICIDADE

A resposta é não. O trio citado no parágrafo acima compõe casos de sucesso que só o futebol permite. Mesmo com o risco da redundância e da falta de originalidade, não custa lembrar que se trata do esporte mais aberto a surpresas; o imprevisível faz parte do DNA do fascínio desse jogo, em que nem sempre o poder econômico - ou a qualidade técnica - prevalece.

Não é corriqueiro, mas com alguma frequência um clube com investimento menor, ou sem tradição de grandes conquistas, se sobressai, empurra adversários badalados para escanteio, vive dias de glória. Aproveita um momento especial, com jogadores e técnicos no lugares certos, nos momentos únicos e justos, para roubar a cena dos protagonistas habituais. Em seguida, reocupa o discreto lugar de praxe e passa o resto da vida a relembrar o episódio. 

A Libertadores nestes anos 2000 tem façanhas como as de San Lorenzo, LDU, Once Caldas. Na Copa do Brasil, já deram a volta olímpica Paulista, Santo André e Juventude. O São Caetano duas vezes chegou à final do Brasileiro e por pouco não levou a Libertadores. O Guarani, em 1978, arrebatou o Brasileiro em cima do Palmeiras. 

Tais equipes funcionaram como espécies de cometinhas, que apareceram, brilharam e mergulharam na escuridão. Não há desdém, só constatação. Não se deve menosprezar a alegria que proporcionaram aos respectivos torcedores. Não cabem contestações.   Devem ser vistos como fenômenos e objetos de reflexão. As vitórias que obtiveram não devem estimular sentenças radicais e definitivas, do gênero, “não adianta nada ter um monte de craques”. Adianta, e como! Basta pegar a história de Barcelona, Real Madrid, Juventus, Milan, Inter, Bayern para conferir como compensa apostar em talentos. Não só no futebol: em qualquer atividade, quanto mais qualidade, tanto maior a possibilidade de prestígio. Jamais se curve à força da mediocridade.

Publicidade

O Leicester está aí para confirmar a tese. No início da temporada, as casas de apostas o colocavam com um dos azarões, na base de 5000/1. Quer dizer, a cada libra apostada nele como campeão da Premier League daria retorno de 5000 em caso de essa hipótese tornar-se realidade. Algum maluco a esta altura deve dar pulos de euforia. 

A tropa comandada pelo italiano Claudio Ranieri cresceu à sombra dos gigantes costumeiros, aqueles que investem somas bilionárias em reforços, e o mote era saber até quando resistiria. Ao se darem conta, o título tinha dono. O Leicester vive período brilhante, numa conjunção de fatores jamais vista. Um dado, porém, merece ponderação: a divisão de cotas de tevê. Na Inglaterra, metade do dinheiro é dividida de maneira igual entre todos os participantes da primeira divisão. Outra se distribui de acordo com critérios técnicos. Com isso, não há disparidade quase indecente como na Espanha, em que Real e Barça abocanham a parte do Leão e aos demais são atiradas as quirelas. Lição que serve para o Brasil.

Libertadores. Dia de três brasileiros seguirem em frente? Tomara, pois Corinthians, São Paulo e Atlético-MG são favoritos diante de Nacional, Toluca e Racing, respectivamente. Cuidado com vacilo, com tanta zebra a correr solta. Corintianos e atleticanos jogaram como visitantes, na semana passada, e seguraram 0 a 0. Bom, desde que não levem gols, o que aumentaria a pressão sobre eles. Em seu favor, há o retrospecto como mandante. Os são-paulinos, com os 4 a 0 no Morumbi, precisam ser atingidos por hecatombe para ficar fora. Difícil. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.