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Haddad reafirma no MP denúncia contra promotor na Arena Corinthians

Ex-prefeito de São Paulo disse que Marcelo Milani pediu R$ 1 milhão de propina para não entrar com ação contra a emissão de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento

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Por Almir Leite
Atualização:

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, prestou depoimento nesta terça-feira à Corregedoria do Ministério Público estadual, sob a denúncia feita contra o promotor Marcelo Milani. Ele disse ter sido informado de que o integrante do MP pediu R$ 1 milhão de propina para não entrar com ação contra a emissão de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs),num total de R$ 420 milhões, em favor da Arena Corinthians. Também ontem Milani rebateu a acusação, por meio de nota.

Itaquerão está sofrendo investigação sobre propina Foto: Alex Silva/Estadão

O depoimento teve duração de cerca de 1h30. Depois, Haddad disse em entrevista ter confirmado o teor de suas afirmações feitas à revista Piauí, e que a partir da investigação da denúncia será possível apurar o que realmente ocorreu. “Eu trouxe as informações para o corregedor e ele tem o caminho das pedras para chegar à verdade’’, assegurou o ex-prefeito. À revista, ele afirmou que em 2015 foi informado que Milani teria, três anos antes, solicitado a propina para não agir contra a arena corintiana cuja construção foi viabilizada para que pudesse sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, principalmente a abertura. O promotor acabaria entrando com ação em maio de 2012 - três anos depois o processo foi arquivado. Haddad disse também que após tomar conhecimento do suposto pedido de propina, o que ocorreu somente em 2015, encaminhou o caso à Corregedoria do MP para apuração. O contato foi intermediado pelo promotor Roberto Porto, na época secretário de Segurança Urbana do município. “O doutor Porto fez a intermediação entre mim e a corregedoria para que eu não pudesse prevaricar. Se é informado de um fato desse e não comunica, um agente público prevarica’’, disse. De acordo com o ex-prefeito, porém, depois do encaminhamento que fez ao MP passou a ser perseguido por Milani, que abriu várias ações contra ele. O promotor tem se mantido em silêncio desde a denúncia pública de Haddad, feita há cerca de dez dias. Ontem, no entanto, divulgou nota quase ao mesmo tempo do depoimento do petista em que repudia as acusações e diz estranhar o fato de o ex-prefeito acusá-lo “falsa e levianamente’’. Recorda que em 25 de maio de 2012 entrou com ação civil pública contra o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), na época no cargo; a construtora Odebrecht; o Corinthians; e Arena Fundo de Investimento e BRL Trust (administradoras do estádio) por inconstitucionalidade da lei de concessão de incentivos por meio dos CIDs. De acordo com o promotor em sua nota,  as ações  contra Haddad  têm como motivo o cometimento de várias improbidades administrativas. Milani se diz o maior interessado na apuração das acusações e que aguarda o trabalho da Corregedoria Geral do MP, “confiante de que o desfecho não será outro senão a demonstração inequívoca da falsidade de todas as assertivas’’ lançadas contra ele por Haddad.

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