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Homem é baleado por PMs durante protesto em São Paulo

Caso está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar e também pela Polícia Civil

Por Artur Rodrigues , Laura Maia de Castro e Monica Reolom
Atualização:

Atualizado às 23h46

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SÃO PAULO - O manifestante Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, foi baleado por policiais militares durante o protesto "Não vai ter Copa" na noite deste sábado, 25, na Rua Sabará, no centro de São Paulo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o caso está sendo investigado a pela Corregedoria da Polícia Militar e também pela Polícia Civil.

A vítima estava em estado grave às 23h de domingo. "Ele estava na manifestação, se dispersou. Não sei o que aconteceu, Fabrício ficou com medo e correu", disse o irmão da vítima, Gabriel Chaves.

Segundo o irmão, ele é frequentador habitual de manifestações. A família agora tenta a transferência da Santa Casa para outro hospital. "Ele ainda não tem condições clínicas para ser transferido", disse uma prima que não se identificou. De acordo com o hospital, a vítima foi atingida por dois tiros, um no tórax e um na genitália e o estado dele era considerado grave.

De acordo com a Polícia Militar, por volta das 22h30 de sábado, dois homens em atitude suspeita foram abordados por PMs na Rua da Consolação e um deles fugiu correndo. Durante a fuga, segundo a corporação, Chaves, teria tentado golpear dois policiais com um canivete e, ao continuar correndo, foi baleado por dois agentes. Ele foi levado, pelos próprios policiais, para a Santa Casa, em Santa Cecília.

Um morador da região que não quis se identificar disse que estava chegando em casa quando presenciou a ação. "Eram três policias descendo a rua correndo atrás do menino. Depois dos tiros, o rapaz saiu cambaleando e um policial ainda deu um empurrão nele em cima da árvore", relatou. Uma poça de sangue se formou em frente a um dos prédios da Rua Sabará, mas neste domingo só havia rastros de sangue no canteiro em que Chaves ficou esperando para ser socorrido.

O defensor Carlos Weis, coordenador de direitos humanos da defensoria pública de São Paulo, está acompanhando o caso de perto e já conversou com o irmão da vítima. "Havia três policiais contra uma pessoa com arma branca. É evidente que havia outros meios menos letais de resolver a situação". "Temos uma preocupação enorme com a maneira violenta e excessiva que a Polícia Militar tem agido nos protestos", completou.

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Um protesto com cerca de dez pessoas ocorreu às 23h deste domingo em frente à Santa Casa, onde Chaves continuava internado. Os manifestantes portaram um cartaz com os dizeres: "Sem direitos não vai ter Copa".

Leia na íntegra a nota da Secretaria de Segurança Pública:

"A Secretaria da Segurança Pública informa que o caso envolvendo Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves.está sendo investigado a pela Corregedoria da Polícia Militar e também pela Polícia Civil. No último sábado, o black bloc resistiu à abordagem, fugiu e atacou um policial.

Dois homens foram abordados por policiais militares em patrulhamento na rua da Consolação. Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves tentou fugir e foi contido. Os policiais pediram que ele abrisse a mochila para revistá-la, onde foi encontrado artefato explosivo. Em seguida, fugiu, sendo perseguido por dois PMs.

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Próximo a um posto de gasolina, o homem sacou um estilete que estava no bolso da calça e se voltou contra um dos PMs. Neste momento, os policiais atiraram e o suspeito caiu no chão, porém, levantou-se e tentou fugir novamente, parando logo depois. Ferido no ombro direito e na parte interna da coxa esquerda, ele foi conduzido ao Pronto Socorro da Santa Casa de São Paulo, onde foi operado e permaneceu internado.

O boletim de ocorrência de resistência, lesão corporal e desobediência foi registrado no 4º DP (Consolação). O delegado requisitou exame pericial para o local dos fatos e para os objetos apreendidos com os averiguados, e exame residuográfico para os policiais militares."

Manifestação. O protesto contra a Copa do Mundo no Brasil terminou em confronto entre manifestantes e policiais na noite de sábado, após serem registradas depredações de estabelecimentos comerciais e agências bancárias no centro de São Paulo. Houve início de incêndio e participação dos black blocs, que correram em direção aos PMs e lançaram até coquetel molotov. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 135 pessoas foram detidas e liberadas na manhã deste domingo.

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