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Itália não soube tirar proveito da Copa que organizou em 1990

Estádios italianos estão obsoletos e vazios, e o campeonato nacional não tem o mesmo nível de Espanha, Alemanha e Inglaterra

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Por Fernando Faro
Atualização:

Não é preciso ir muito longe para o Brasil ver que uma oportunidade não aparece duas vezes. Quando foi sede da Copa em 1990, parecia que a Itália ampliaria seu domínio como principal centro futebolístico do planeta. O país era a Meca do esporte e tinha a liga mais importante do mundo, disputada por craques como Van Basten, Klinsmann, Matthäus e Maradona.

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Mas, ao invés de consolidar sua posição, o país parou no tempo e acabou ‘atropelado’. Hoje, o Campeonato Italiano perde feio em qualidade para as fortíssimas ligas de Inglaterra, Alemanha e Espanha.

Os principais astros abandonaram a Bota em busca de competições mais disputadas e os estádios – obsoletos em quase a sua totalidade – ficam, a cada dia, mais vazios.

“Nós precisamos decidir o que queremos ser agora: um campeonato que revela talentos para ligas estrangeiras ou um sistema de primeira categoria”, disse, ao Corriere Dello Sport, Demetrio Albertini, vice-presidente da Federação Italiana e ex-jogador do Milan na época de ouro do calcio

Além do êxodo em massa de atletas e torcedores, a Itália se viu sacudida por uma série de escândalos de manipulação de resultados e por uma grave crise econômica que até hoje deixa o país em paralisia. Falta, também, investimento nas categorias de base – os principais ídolos do país, como Pirlo e Totti, estão em fim de carreira.

O resultado desse amargo caldo pôde ser visto nas últimas duas Copas, em que a tetracampeã deu vexame e foi incapaz de passar da primeira fase. O fiasco foi intercalado com o vice-campeonato europeu em 2012, com uma derrota por 4 a 0 para a Espanha na decisão.

O papelão no Brasil fez com que o técnico Cesare Prandelli pedisse demissão logo após a eliminação para o Uruguai. Prandelli, curiosamente, tinha o trabalho elogiado pela imprensa local justamente por renovar a seleção e trazer alguns jovens promissores à Copa. O presidente da Federação, Giancarlo Abete, também entregou o cargo após o fracasso.

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Mais uma vez fala-se em revolução no futebol italiano, da mesma forma como aconteceu após o fiasco de 2010. Se tivesse aproveitado a chance de ouro em 90, talvez a história fosse outra.

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