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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Mal na lista

Por Antero Greco
Atualização:

Jogador brasileiro é que nem comerciante chinês: está em todo lugar. Até em vilarejos perdidos no mapa encontram-se tanto um quanto outro. Mas, ao contrário dos orientais, os patrícios não andam com bola cheia nem dominam o mundo – o do futebol ou o dos negócios. Pegue como exemplo a lista de pré-selecionados para o troféu de melhor do ano patrocinado pela Fifa e pela revista France Football. Dois grandes jornais esportivos europeus – La Gazzetta dello Sport e El Mundo Deportivo – conseguiram vazar a relação dos 59 escolhidos previamente, dos quais sairão 23 para votação de técnicos e capitães de todas as seleções do planeta, que compõem o grosso do colégio eleitoral. Após a segunda espremida, restam os três finalistas. Pois bem, há só três rapazes nascidos aqui. O indefectível Neymar (Barcelona), além de Philippe Coutinho (Liverpool) e Willian (Chelsea). O primeiro é presença lógica, carimbada e qualquer hora dessas emplaca o mimo, apesar da concorrência implacável de Cristiano Ronaldo e Messi. Os outros dois entraram na dança por jogarem bem e por atuarem na Inglaterra, cujos torneios são os mais difundidos na terra. Talvez não aguentem o próximo escrutínio. Ter três citados não seria número ruim, se viessem de país sem tradição no joguinho de bola. No caso do Brasil, é indício preocupante. Por motivo óbvio: já faturou cinco Mundiais e teve no alto do pódio Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká. Fora as vezes em que eles e outros fizeram parte desse triunvirato especial. O papel secundário do prestígio brasileiro no momento ressalta-se ao se fazer comparação com outras nacionalidades. Na América do Sul, a Colômbia entra com quatro (Bacca, Rodriguez, Jackson, Ospina), o Chile com cinco (Vargas, Medel, Sanchez, Vidal e Bravo) e a Argentina, recordista com seis (Agüero, Mascherano, Messi, Otamendi, Pastore, Tevez). Empatamos com Uruguai (Cavani, Sanchez, Suarez). Se serve de consolo, a Alemanha campeã mundial também tem três (Kroos, Muller e Neuer), enquanto a Espanha contribui com cinco (Diego Costa, De Gea, Iniesta, Morata, Sérgio Ramos). A França está com quatro (Benzema, Griesmann, Lacazette, Pogba). E por aí vai. No final, Portugal, que tem apenas Cristiano, pode levar de novo. Os critérios de escolha são discutíveis, bem como a validade da “comenda”. Trata-se de uma dentre tantas eleições comuns em final de ano e ajuda os ganhadores a engordarem galeria de recordações, fora acertos de publicidade. E, claro, valorizam o passe, o que é bom para eles, para empresários e para os clubes que os mantêm sob contrato. Desagradável, no que se refere ao Brasil, é a constatação de que ao consideração pelos boleiros feitos em casa anda em baixa. A resposta para a desvalorização passaria, dentre outras razões, pelos fracassos recentes da seleção e pela entressafra que oferece geração no máximo razoável e sem brilho. Arriscaria uma observação adicional: os craques daqui agora não se distinguem da média internacional. Antes ter o carimbo “brasileiro” era sinônimo de qualidade especial, de atrevimento, técnica e criatividade. Ao contrário do “europeu”, associado ao certo, quadrado e previsível. Com a globalização, produzimos brasileiros cada vez mais europeizados, enquanto os europeus cavam jovens cada vez mais abrasileirados. Eis a ironia: nós copiamos o jeito do europeu, e perdemos o poder de fascinar os gringos donos da grana. Os europeus nos copiam, e valorizam as pratas da casa deles.  Algo está muito errado.Paulistas em ação O Brasileiro embica na reta final, e os paulistas que entram em campo neste domingo estão de olho no topo. O Corinthians corre algum risco ao visitar a embalada Ponte (quatro vitórias em seguida), mas ainda assim é favorito. O Palmeiras tende a passar sufoco no desafio contra a Chapecoense, que perde fôlego na tabela, porém é tinhosa em casa. E o Santos testa a boa fase diante de um instável Flu.

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