Marin fará depósito de R$ 800 mil em novo acordo com Justiça
Promotoria aceita pagamento em espécie como alternativa a carta de crédito de aproximadamente R$ 8 milhões
Por Thiago Mattos
Atualização:
O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, conseguiu nesta quinta-feira, 4, um novo acordo com a Justiça americana para permanecer em prisão domiciliar em Nova York. A promotoria aceitou que seja feito um depósito de US$ 200 mil em espécie (cerca de R$ 800 mil), até 12 de fevereiro, como alternativa à carta de crédito no valor de US$ 2 milhões que deveria ter sido entregue no dia 15 de janeiro.
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A decisão precisa ser homologada pelo juiz Raymond Dearie, do Tribunal de Nova York, o que deve ser feito ainda nesta quinta-feira. Para Marin, o acordo representa um alívio financeiro, já que o deposito de US$ 200 mil equivale ao valor que o cartola pagaria em juros pela carta de crédito.
Em documento ao juiz Dearie, o advogado do cartola, Charles Stillman argumenta que "à luz das condições econômicas no Brasil, [a carta de credito] tem provado ser impossível".
A trajetória de José Maria Marin
1 / 14A trajetória de José Maria Marin
Início
Marin foi jogador de futebol profissional durante cinco anos, chegando a atuar pelo São Paulo. Iniciou sua carreira na política em 1963, quando foi el... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Ditadura Militar
Filiou-se à Arena, partido que deusustentação ao regime militar, em 1966. Foi eleito deputado estadual pela sigla em 1971.Em seu mandato, ficouconheci... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Governador
Em eleição indireta, Marin tornou-se vice-governador de São Paulo. Entre 1982 e 1983, governouo Estado, substituindo Paulo Maluf. Foto: Oswaldo Junor/Estadão
Federação Paulista
Tornou-se presidente da FPF em 1982, entidade que dirigiuaté 1988. Foto: Helvio romero/Estadão
Medalha no Bolso
Antes mesmo de chegar à CBF, Marin ficou conhecido por ter 'embolsado' uma medalhana cerimônia de premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Foto: Reprodução
Confederação Brasileira de Futebol
Assumiua presidência da CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira, em 2012. Ficouna entidade até 2014 e ajudoua eleger Marco Polo del Nero para o substi... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Na CBF
Uma das primeiras medidas à frente da CBF foi a de demitir Mano Menezes para trazer de volta Luiz Felipe Scolari para o cargo de técnico. Foto: Wilton Junior/Estadão
Polêmica
Outra medida de Marin foi a de batizar, com seu próprio nome, a nova sede da CBF, inaugurada no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação
Seleção brasileira
Após o fiasco da seleção na Copa de 2014, Marin enxergou a solução em outro ex-treinador do Brasil: Dunga. Foto: Fabio Motta/Estadão
Prisão
Num hotel em Zurique, polícia da Suíça prendeu sete dirigentes ligados à Fifa, entre eles Marin, sob acusação de crimes de corrupção. No mesmo dia, Fi... Foto: Paulo Whitaker/ReutersMais
Extradição
Marin foiextraditado para os EUA em novembro de 2015. Após cinco meses preso em Zurique, fechouacordo para ficar em prisão domiciliar em Nova York, on... Foto: Don Emmert/AFPMais
No tribunal
Julgamento no Tribunal Federal do Brooklyn começou em novembro de 2017.No primeiro pronunciamento aos jurados, defesa de Marin disseque quem tomava re... Foto: Amr Alfiky/ReutersMais
Condenação
Marin foiconsiderado culpado de 6 das 7 acusações de crimes do "caso Fifa"; inocentado de lavagem de dinheiro na Copa de 2014, foi condenado por três ... Foto: Amr Alfiky/ReutersMais
Conclusão
No dia 22 de agosto de 2018, a corte norte-americana condenouMarin a quatro anos de prisão pelos crimes cometidos de 2012 a 2015. O ex-dirigente també... Foto: Amr Alfiky/ReutersMais
Além disso, a burocracia na obtenção do documento também foi um argumento apresentado pelo advogado do cartola, Charles Stillman, em carta enviada à promotoria e ao juiz Dearie em janeiro deste ano. Fontes diretamente ligadas ao caso Marin revelaram ao Estado que a carta de crédito teria um custo mensal de manutenção estimado em R$ 160 mil, considerando juros de 2% ao mês. Os custos totais do documento chegariam a R$ 5,7 milhões caso o processo se estendesse por três anos.
A defesa de Marin tentava costurar esse acordo desde novembro, quando o cartola foi extraditado da Suíça para os Estados Unidos, sob as acusações de fraude, conspiração e lavagem de dinheiro.
Para permanecer em prisão domiciliar, o ex-presidente da CBF já tinha dado como garantias seu apartamento em Manhattan, avaliado em US$ 3,5 milhões, e um depósito de US$ 1 milhão em espécie. A carta de crédito era o último elemento do acordo que ainda estava pendente.
Marin também arca com todos os custos das câmeras de vigilância em sua prisão domiciliar e vem sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. A próxima audiência do ex-presidente da CBF está marcada para o dia 16 de março.