A iniciativa de Santos e São Paulo de transferirem os clássicos pelo Campeonato Brasileiro para o Pacaembu com o intuito de propor a presença de torcida visitante deve encontrar a resistência das autoridades. Um dos responsáveis pela medida de segurança, o Ministério Público (MP) considera inadequado cancelar a determinação válida desde abril.
Nesta quinta-feira os presidentes Modesto Roma Junior, do Santos, e o são-paulino Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, entraram em acordo sobre mudar o local das duas partidas para o Pacaembu. A iniciativa veio do clube da Vila Belmiro. Os dois clubes querem fazer dos encontros oportunidades para selar a paz entre as torcidas e querem propor a presença de seguidores do time visitante.
A ideia ainda não foi comunicada oficialmente às autoridades. Pelo menos por parte do MP, um dos órgãos responsáveis por discutir a aplicação da torcida única, a iniciativa de Santos e São Paulo não é considerada positiva. "Neste momento em que estamos implementando medidas sérias, duras e rigorosas para controlar a violência no futebol, não é hora de se afrouxar, sob pena de perder o avanço que conseguimos", disse o promotor do Juizado Especial do Torcedor, Paulo Castilho.
O promotor explicou ainda não ter conhecimento da iniciativa dos clubes, mas relembrou que caso a ideia seja levada adiante, vai necessitar de análises e reuniões. "A medida de torcida única que tomamos não foi por achismo. O nosso conjunto de iniciativas foi estudado e discutido entre MP, Polícia Militar, Secretaria de Segurança e, Federação Paulista. Faz parte de uma atuação em conjunto combate à violência", afirmou.
Além da torcida única nos clássicos até o fim do ano, passou a valer em abril a venda de ingressos online para os jogos e a proibição de adereços de organizadas nos estádios. Segundo o promotor, qualquer alteração nos planos traçados depois de uma morte e confusões no domingo do clássico entre Palmeiras e Corinthians dependeria de uma análise complexa das autoridades envolvidas.
"Sei que a torcida única recebe críticas. Mas nos últimos clássicos tivemos diminuição drástica de problemas, violência e uso do efetivo de polícia, junto com um aumento de público. Será que estamos no caminho errado?", comentou Castilho.