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Muricy Ramalho: 'Ganhar no São Paulo tem sabor diferente'

Técnico abre o jogo ao Estado e fala sobre desafio de reerguer o clube, carreira e futuro

Por Fernando Faro
Atualização:

SÃO PAULO - ESTADO - A maior crítica ao seu último trabalho aqui foi a falta de títulos no mata-mata. Vencer um aqui tem sabor diferente?MURICY RAMALHO - Era a Libertadores que eles reclamavam porque é um campeonato muito importante para o clube. Ganhar é sempre bom e importante em todos os lugares, mas claro que no São Paulo passa a ser uma coisa muito diferente porque nasci aqui e tenho uma história aqui, e quando você tem uma história e ganha, essa história aumenta. As pessoas vibram mais, você sente. Para treinador é fundamental ganhar no Brasil, se não vence não tem chance independente do carinho que tenham por você e por isso que temos que ganhar sempre. Mas claro que ganhar no São Paulo é diferente.ESTADO - Você sente seu trabalho reconhecido pelos outros?MURICY RAMALHO - Basta ver os convites que recebo. Não posso ficar na mão de pessoas porque pessoas têm sentimentos. Às vezes você depende de uma opinião de uma pessoa e ela é do mal, negativa. O ser humano é cheio de manias, alguém pode falar "aquele não é legal porque não é simpático" ou "esse não é legal porque não é brilhante intelectualmente". Isso para mim não serve para nada, para mim o único parâmetro para reconhecer um profissional, não só um técnico de futebol, é resultado. É só isso que aceito, não adianta você ir numa revendedora de carros e ter uma bonitinha que não vende um carro e tem a feinha que vende um monte. A feinha que é a fera. Você vai deixar para os outros julgarem? Se o cara tem resultado bom, ele é bom e qualquer área. Sou um cara muito procurado e por times grandes demais, não pequenos. Alguma coisa devo ter.ESTADO - Sua relação com a imprensa às vezes é tensa...MURICY RAMALHO - (Interrompe rindo) Quando estava em casa há três meses sem trabalhar eu assistia a umas entrevistas chatas do caramba. "Ah, e o jogo?", "ah, e não sei o quê?"...pô, os caras não ganham nada, nem uma porradinha (risos)? O que me tira do sério é cara maldoso e a gente sabe quem é. Às vezes o cara faz uma pergunta dura para você, mas você conhece a índole e sabe que o cara é correto e não tem maldade e então eu aceito. Acredito numa opinião limpa, se merece elogios, elogia; se merece uma crítica, critica, mas sei que às vezes têm maldade. Não aceito cara negativo e no nosso meio na imprensa sei que tem cara que vê o mundo em preto e branco, que nada presta, que só o que antigo é bom. Preservo muito o que é o ser humano e para mim se o cara é correto, ele pode ser duro, mais ou menos ou como quiser porque minha entrevista vai ser numa boa. Mas desde que voltei do Rio e fui para Santos melhorei bastante. Acho que é a idade também, você vai ficando mais velho e a bateria vai caindo um pouco e vamos deixando as coisas um pouco de lado. Só sou assim com os caras malas. Tenho inclusive muitos amigos na imprensa, amigos de sair junto mesmo.ESTADO - Já resolveu quando irá se aposentar?MURICY RAMALHO - Não defini, mas não vou me alongar muito mais porque tive vários exemplos de pessoas que tentaram esticar a carreira porque isso aqui é muito desgastante. Comecei a ter um monte de coisas que não tinha; tive problema de coluna, já tive diverticulite e várias coisas que vejo como um sinal.ESTADO - E seleção, ainda pensa nisso?MURICY RAMALHO - Não, não passa mais pela minha cabeça.ESTADO - Então o São Paulo é seu último clube?MURICY RAMALHO - Pode ser que seja sim. Recebo muitos convites para ir para fora do país, mas não mexe comigo. Não tenho essa ambição, sou muito feliz aqui. Tomara que eu acabe aqui no São Paulo.ESTADO - E o que pretende fazer quando parar?MURICY RAMALHO - Sou um cara de família. Não sou um cara vaidoso ou de costumes muito diferentes, gosto de ficar com minha família e minha turma, meus amigos de bairro. Minha vida é pautada pela simplicidade, de ir num boteco - o que não consigo fazer hoje em dia. Devo ficar mais ou menos como nesses três meses que estive de férias.

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