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Museu da Fifa exibe futebol brasileiro como 'patrimônio da Humanidade'

Exposição na entidade revisita a Copa do Mundo de 2014

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Por Jamil Chade
Atualização:

"Cabral Ditador", "Vai ter Copa?" e o desespero do zagueiro David Luiz ao final do jogo contra a Alemanha. Essas são algumas das imagens que fazem parte de uma exposição dedicada a revisitar a Copa do Mundo de 2014. Mas, longe de um relato oficial do que ocorreu no Brasil, a exibição aberta semana passada no Museu da Fifa, em Zurique, na Suíça, escancara os dramas, assim como as festas, de um evento que foi um divisor de águas para a Fifa.

O capítulo da Copa de 2014 faz parte de uma exposição que apresenta o futebol brasileiro como uma espécie de patrimônio da Humanidade e o Brasil como o país que "redefiniu" o esporte. A exibição ficará em cartaz até fevereiro de 2017. Entre fotos, sons, troféus e camisas originais cedidos por familiares de jogadores e instituições, o visitante descobre a história de uma mitologia no esporte: a da camisa amarela.

Exposição na Suíça conta com relíquias que narram a história centenária dos clubes e da seleção brasileira Foto: ESTADAO CONTEUDO

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Depois de passar por um túnel com imagens típicas do País, samba e até a frase abusada pelo regime militar "Pra frente, Brasil", quem visita o local se depara com as origens do esporte em sua nova fronteira sul-americana. Com peças originais, os europeus mostram que foi um filho de escocês, Charles Miller, que desembarcou no Brasil com a bola e suas regras. Em 1895, ele promoveria o primeiro jogo oficial no País.

A exposição traz ainda a formação da seleção brasileira, em 1914, e o time de 1931 do São Paulo, com uma rara camisa de Arthur Friedenreich. Não faltam as tragédias, como a derrota do Brasil para o Uruguai em 1950, ilustrada por um ingresso original da partida, assim como a camisa branca de Ademir.

Primeiro título. Camisa de Didi da decisão de 1958 Foto: ESTADAO CONTEUDO

É outra camisa, a de Didi, que inaugura a "era dourada" do Brasil, com a conquista de 1958. A peça, explicam os organizadores, faz parte dos uniformes que o chefe da delegação à época foi comprar num mercado em Estocolmo, de forma improvisada, um dia antes da final contra a Suécia. Na busca por um uniforme, o único encontrado foi azul, na qual o emblema da CBD seria costurado à mão.

Se a imagem de Pelé se faz presente, o jogador não tem uma exposição exagerada. Além da capa de uma revista Manchete e fotos, uma das únicas peças relativas ao craque é a bola do último gol marcado pela seleção, contra a Áustria, em 1971.

Inesquecível.Flâmulas do 7 a 1 estão no museu Foto: ESTADAO CONTEUDO

A ordem dos curadores era clara: mostrar o futebol brasileiro em sua totalidade. Há também lugar para as manifestações políticas de Sócrates, como uma das faixas que ele usou durante o Mundial de 1986, no México, algo inédito entre os jogadores de futebol até então.

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Sincero, o museu explica o jejum de títulos vividos pela seleção depois de 1970. "Após a aposentadoria de Pelé, a seleção vive uma crise de identidade e, à exceção da geração de 1982, abusa do pragmatismo, como no título de 1994", diz uma das placas. "O Jogo Bonito já não era a única referência", admite.