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Oposição no Palmeiras detona aprovação de 'emenda Leila' e apela aos sócios

Grupo diz que clube é o maior perdedor com mudança estatutária que amplia mandato presidencial e beneficia projeto político da patrocinadora

Por Renan Cacioli
Atualização:

O grupo Movimento Palmeiras Responsável, que faz oposição à gestão de Maurício Galiotte no clube, divulgou nesta quinta-feira manifesto no qual condena a aprovação, na noite da última segunda-feira, da chamada "emenda Leila", como ficou conhecida a mudança estatutária que amplia de dois para três anos o tempo de mandato presidencial.

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As mudanças aprovadas pelo Conselho Deliberativo palmeirense já podem valer para o próximo pleito, marcado para novembro, desde que sejam ratificadas em assembleia de sócios por maioria simples de votos. E é justamente aos associados que os oposicionistas apelam agora para impedir que a alteração seja ratificada. Para a novidade ser descartada, serão necessários dois terços dos votos dos associados.

Leila Pereira deseja se tornar presidente do Palmeiras Foto: Amanda Perobelli/Estadão

A alteração no estatuto ganhou o apelido de "emenda Leila" por abrir brecha para a empresária e patrocinadora do clube se candidatar a 2021. Eleita conselheira do Palmeiras pela primeira vez em fevereiro de 2017, ela precisa cumprir o requisito de estar no segundo mandato neste cargo para poder pleitar o comando do clube. Essa obrigação estará cumprida no início de 2021, meses antes da eleição presidencial.

Confira abaixo a íntegra da nota do Movimento Palmeiras Responsável:

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"O Conselho Deliberativo do Palmeiras esteve reunido na última segunda-feira, 21 de maio, discutindo alterações estatutárias relevantes para o futuro do clube, especialmente a que altera o tempo de mandato para presidência executiva, medida que já valeria para a eleição que ocorre em outubro deste ano. Antes mesmo do início da votação já era nítido que a noite teria um grande perdedor: a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Como pudemos destacar em notas anteriores, o Movimento Palmeiras Responsável reforça seu posicionamento contrário à esta alteração que beneficia diretamente a atual gestão e criou um racha no clube. Ainda há tempo de barrá-lo: a matéria terá que ser aprovada em Assembleia Geral dos sócios nas próximas semanas, com maioria simples de votos. Para auxiliar na leitura mais ampla dos acontecimentos, um breve resumo de como tudo transcorreu:

- A SEP possui 280 conselheiros, dos quais 224 compareceram à reunião. Para aprovação de qualquer alteração é necessário que a maioria absoluta esteja a favor, neste caso, 141 votos; - O não comparecimento significava votar contrariamente à alteração. Houve enorme pressão da gestão para que todos estivessem presentes, inclusive com conselheiros solicitando licenças temporárias para que o suplente pudesse votar a favor; - Outros tantos conselheiros, por conta do clima de tensão e divisão estabelecidos, optaram deliberadamente por não ir à reunião. Mais de 50 pessoas se ausentaram nessas circunstâncias; - Pelo contexto, podemos seguramente afirmar que aproximadamente 135 conselheiros foram contrários à alteração;  - Apesar de todo poderio político e financeiro empregado, a alteração foi aprovada com apenas dois votos de margem; - Registre-se, portanto, que existiam diversas correntes ideológicas contrárias à alteração. Reduzir a oposição a um ex-presidente é tentar iludir a opinião pública, ocultando o problema real: a apropriação do Palmeiras;  - O argumento de que a votação não seria casuística foi por água abaixo quando a maioria dos optantes pelo 3+3 votou contrariamente à emenda que previa sua aplicação apenas para a eleição de 2020, provando que os interesses impulsionando a mudança são eminentemente de perpetuação no poder;  - Tanto é assim que uma alteração inicialmente vista com bons olhos e contando com grande apoio do conselho tornou-se pivô de um histórico racha no clube, essencialmente pela forma como foi conduzida a questão; - Finalmente, caso venha a ser reeleito, o presidente atual não enfrentaria problemas de adaptação nem teria que se preocupar com outra reeleição. O aumento do tempo de mandato não se justifica nem sob essa hipótese; - A suposta modernidade alardeada não foi vista, também, na votação que rejeitou a redução do número de conselheiros vitalícios, matéria que não contou com apoio da gestão; - A atual diretoria executiva extrapolou os limites no convencimento aos conselheiros indecisos. Respeitamos e compreendemos o jogo político, mas um olhar mais atento evidencia que os instrumentos utilizados foram muito além do debate. 

Reforçamos nosso entendimento de que os interesses do Palmeiras foram colocados em segundo plano por quem está no poder. Prova disso é conferir como votou o atual mandatário, legislando em causa própria. Isso não é saudável nem contribui para a pacificação do clube.

À toda coletividade palmeirense clamamos atenção e serenidade na avaliação do que aconteceu. Aos sócios em especial, convidamos para uma profunda reflexão antes da votação em Assembleia Geral e que se mobilizem na campanha pelo NÃO. 

Movimento Palmeiras Responsável"

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