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Para executivo do Fluminense, parcerias valorizarão clubes

Modelo é adotado com sucesso, segundo dirigente do Tricolor, com o time em que trabalha e a Unimed, como foi também entre Palmeiras e Parmalat

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Por Robson Morelli
Atualização:

Paulo Angioni sempre bebeu da água das parcerias no futebol brasileiro. Ele esteve envolvido com o Corinthians/Excel, com o Palmeiras/Parmalat, novamente com o Corinthians/MSI e agora, mais recentemente, com o Fluminense/Unimed. Seu perfil de 34 anos no futebol sempre o fez andar por esses caminhos e, o mais importante, sobreviver numa instituição centenário como é o futebol, de vícios em quase todos os setores e de bem pouca ousadia. Semana passada, a Fifa colocou um ponto final nos investidores e fundos em jogadores e deu de três a quatro anos para que as equipes se moldem à nova determinação.

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Angioni sabe que o futebol brasileiro vai sofrer com a nova lei, mas o diretor executivo do Fluminense vislumbra um fortalecimento das associações com o passar do tempo, o que é bom para a modalidade em sua visão. "O dinheiro de parceiros no futebol, o valor financeiro que agrega, só agrega por causa da fragilidade das instituições, dos clubes, em função do imediatismo que se cobra em relação a resultados e eficácia. Os dirigentes, na sua maioria, só conseguem pensar no hoje e não no futebol em 10 ou 15 anos. Com a determinação da Fifa, os clubes podem se prepara melhor para o futuro", defende o executivo.

Paulo Angioni entende que algumas formas de parcerias não terão mais espaço nesse redesenho imposto pela Fifa. Mais que isso, ele acredita que os clubes ficarão mais sólidos com o exercício de pensar no futuro e deixar de esperar por um investidor endinheirado, quase milagreiro, capaz de trazer uma cesta de bons jogadores. "O caminho é fortalecer o clube, deixar de pensar no individual, que é o jogador, e valorizar as instituições. Um clube de futebol não pode depender de terceiros, fatiando, por exemplo, os contratos de jogadores da base."

Esse procedimento de 'vender' parte dos contratos de jogadores formados nas categorias inferiores tem apenas um motivo: colocar mais cedo a mão em dinheiro gordo. Essa prática, segundo o executivo, também fez com que o próprio atleta perdesse o respeito pela instituição. "O investimento dos parceiros, portanto, deve ser nos clubes e não nos jogadores. E quando o jogador perceber que o clube é forte, ele não vai querer fatiar seus direitos federativos. O clube tem de retomar esse papel de dar ao jogador a sustentabilidade que ele precisa na carreira, em suas várias etapas ou fases."

Daí sua valorização do modelo do Fluminense com a Unimed e do que fez o Palmeiras com a Parmalat em detrimento dos modelos de parcerias do Corinthians com o Excel e MSI. Os fundos são vorazes. "A Unimed está com o Fluminense há 15 anos, com contratos renovados anualmente por uma quantia em dinheiro. Ora a comissão técnica é paga com esse dinheiro, ora não. No contrato vigente, eu e a comissão técnica somos pagos pelo próprio Fluminense. Mas já estamos discutindo um novo acordo para 2015."

Nas prerrogativas da parceria, o Fluminense usa esse dinheiro como bem entende. Esse modelo a Fifa não proíbe. O que a entidade presidida por Joseph Blatter não quer mais, com respaldo da Uefa, é ter jogadores nas mãos de investidores ou fundos repassados aos times, de modo a tirá-los a qualquer momento quando o dinheiro falar mais alto em suas necessidades e interesses.

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