Setenta e quatro dias depois de ser apresentado como técnico da seleção brasileira, Tite estreia efetivamente nesta quinta-feira e já enfrenta pressão e desafios. Em situação difícil nas Eliminatórias, a equipe se vê obrigada a conseguir bom resultado na partida contra o Equador, às 18h (de Brasília), no Estádio Atahualpa. Isso passa por já começar a mostrar que os tempos de incerteza e falta de confiança da época de Dunga serão superados rapidamente.
Tite admite estar ansioso para a estreia, mas aliviado. “Estou muito mais em paz, mais tranquilo, pois todo o processo de preparação já se conduziu. Ainda estou ansioso, mas mais tranquilo”, disse o treinador.
O Brasil é sexto colocado na competição, com nove pontos após seis rodadas. Com 13, o Equador é segundo por ter saldo inferior ao Uruguai. O objetivo é garantir vaga na Copa da Rússia. Por isso, até um empate faz parte das contas da comissão técnica. Mas é claro que isso obrigará a seleção a fazer o dever de casa na sequência, vencendo a Colômbia em Manaus.
No entanto, alguns aspectos ficarão em segundo plano se as circunstâncias exigirem. “O momento não é para espetáculo, é para jogar e vencer”, deu o tom o volante Casemiro.
Para Tite, porém, vitória é consequência de o time jogar bem, o que não significa necessariamente jogar bonito. “Precisamos entrar na zona de classificação, ter resultado. Mas antes do resultado vem o desempenho”, disse o técnico.
Com tempo escasso de preparação, o treinador não arriscou muito para a estreia. Optou por um time experiente e respeitou as características e preferências dos jogadores, convocados após a comissão técnica estudar minuciosamente em que estágio técnico e principalmente físico se encontravam.
O treinador confirmou Miranda como capitão e escalou Marquinhos ao lado dele na zaga. No ataque, acabou optando por Gabriel Jesus no lugar de Gabriel Barbosa e explicou: “O que o treinador procurou fazer: ver os atletas onde jogam em suas equipes, que sistema e que função exercem”. Esta foi a razão da escolha de Gabriel Jesus que, além de ser o goleador do Brasileiro, atua como referência. “Minha ideia é ter sempre seis numa formação ofensiva”, disse.
No ideário de Tite, a seleção será equilibrada e consistente. Ele quer intensidade, aproximação, triangulações, atenção na marcação, retomada de bola rápida e muito toque de bola.
Os obstáculos, porém, não são poucos. Há a altitude de Quito (2.850 metros) que pode afetar o organismo dos jogadores – cilindros com oxigênio serão levados ao estádio para socorrer quem eventualmente sentir falta de ar – e muda a dinâmica do jogo, pois torna a bola mais veloz. O Brasil espera um Equador explorando as bolas altas e os chutes de longa distância.
“Não estamos em situação confortável, não adianta nos enganarmos. Vamos tentar os resultados, ser consistentes. Esse é o nosso primeiro desafio.”